Antes do Brasil, Eric Clapton faz show intimista e emotivo em Buenos Aires

Um público essencialmente grisalho se juntou na noite de sexta (20) e praticamente lotou o estádio do clube portenho do Vélez Sarsfield, para ver o show de seu ídolo veterano, Eric Clapton, 79.

Era notória a sintonia harmoniosa entre seus fãs de tantas décadas, e que conheciam suas canções e balançavam a cabeça com os olhos vidrados, e um artista tão experiente, de poucas palavras, mas carismático, que levou adiante um show curto, porém eficiente e bastante emotivo.

É provável que os shows que ele faz no Brasil a partir desta terça (24) serão com temperaturas mais altas do que o concerto em Buenos Aires. O certo é que Clapton e sua banda apareceram numa ainda fresca noite pré-primaveral usando estilosos ponchos típicos da Argentina e lenços ao estilo "gaucho".

O poncho do cantor ia até a metade da perna. No mais, usava jeans, mocassins e um boné e empunhava uma guitarra com as cores da bandeira da Palestina. Bem mais magro do que no auge de sua carreira, poderia-se dizer que Clapton poderia sair à rua comprar empanadas ou algum presente sem absolutamente ser reconhecido.

Abertura

A noite começou com duas atrações de abertura, o também veterano roqueiro argentino David Lebón, cuja influência bebe diretamente na fonte de Clapton, e o norte-americano Gary Clark Jr., 40, apadrinhado pelo músico e conhecido pela mídia norte-americana especializada como "o futuro do blues texano". Clark acompanha Clapton no Brasil.

Eric Clapton durante show em Buenos Aires na sexta (20)
Eric Clapton durante show em Buenos Aires na sexta (20) Imagem: Divulgação

'Ele toca muito': leia entrevista com Gary Clark Jr.

Os dois deram conta da primeira hora de espetáculo. Às 21h, Clapton caminhou lentamente e sorridente até o microfone, sendo muito ovacionado.

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A banda que acompanhou o músico britânico é composta praticamente por norte-americanos jovens, Natan East (baixo), Doyle Bramhall II (guitarra), Sonny Emori (bateria), Tim Caarmon (órgão), e as backing vocals Sharon White e Katie Kisson. A única cara mais conhecida dos que acompanham o músico é o também veterano Chris Stainton (teclados).

O essencial

Não faltou nada essencial no repertório, num show dividido em três blocos. Com sua voz ainda poderosa, abriu o espetáculo com o hit "Sunshine of Your Love". Ao final, emitiu as únicas palavras diretas com o público: "Buenos Aires, aqui estou outra vez, com meus 79 anos, nesta nova visita à Argentina".

Nesta primeira seção, mesclou canções suas e de outros músicos, como Robert Johnson, Jimmie Cox, e J.J. Cale, que, celebradas por ele por tantas décadas, acabam por se confundir com seu próprio repertório. Terminou essa primeira parte com uma canção de seu mais recente álbum, prestes a ser lançado, "The Call".

Eric Clapton durante show em Buenos Aires na sexta (20)
Eric Clapton durante show em Buenos Aires na sexta (20) Imagem: Divulgação

A segunda parte do show lembrou um formato mais acústico, com sua voz suave e ele sentado no centro do palco. Vieram "Kind Hearted Woman Blues", "Running On Faith", "Change the World", "Nobody Knows You When You're Down and Out", " Believe in Life " e "Tears in Heaven".

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A triste canção que ele compôs ao filho, que morreu aos quatro anos de idade ao cair do apartamento onde vivia, ganhou uma pegada com tons de reggae, como se o compositor quisesse tratar seu luto de modo distinto após mais de 30 anos da tragédia.

No último bloco, os músicos estiveram mais soltos e se apresentaram com mais tempo, sob a benção de Clapton. Depois, ele mesmo começou a esticar suas canções tradicionais, como "Old Love", com solos enormes, expondo seu virtuosismo. Os solos continuaram nas seguintes canções.

Já mais para o fim do concerto, Clapton reservou "Crossroads", "Little Queen Of Spades" e "Cocaine", com um leve toque argentino, ao piano, tocou-se um fragmento do tango "La Cumparsita".

Antes de aterrissar no Brasil, Eric Clapton tocou para os argentinos
Antes de aterrissar no Brasil, Eric Clapton tocou para os argentinos Imagem: Divulgação

O show é luminoso, e não guarda semelhança, em termos de ambientação musical, a um certo tom mais dark de décadas passadas.

Passada a pandemia, na qual Clapton defendeu a postura anti-vax e foi alvo de cancelamentos, o artista agora parece ter deixado as posturas rígidas. Está mais sarcástico, guarda risos no canto da boca, mostra-se legitimamente feliz com sua jovem banda.

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Uma pena é que talvez a idade avançada comece a limitá-lo de fazer mais shows em estádios. Um dos desafios que enfrenta, por exemplo, é o surgimento de uma doença neurológica, que por ora não afeta seus movimentos nem seu poder cognitivo, mas são fatores que inspiram cuidado. Cada vez mais, o bloco intimista de seus shows parece chamar o artista para apresentar-se em teatros.

Eric Clapton no Brasil

  • Curitiba

Quando: terça (24), às 19h20
Onde: Ligga Arena (Arena da Baixada)
Quanto: a partir de R$ 450
Classificação: 16 anos; menores de 16 anos apenas acompanhados pais/responsável legal

  • Rio de Janeiro

Quando: quinta (26), às 19h20
Onde: Farmasi Arena
Quanto: a partir de R$ 460
Classificação: 16 anos; menores de 16 anos apenas
acompanhados pais/responsável legal

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  • São Paulo

Quando: sábado, (28), às 20h
Onde: VIBRA São Paulo
Quanto: a partir de R$ 850
Classificação: 16 anos; menores de 16 anos somente acompanhados de pais ou responsável legal

Ingressos para todos os shows à venda pelo site da Livepass.

  • São Paulo

Quando: domingo (29), às 18h20
Onde: Allianz Parque
INGRESSOS ESGOTADOS
Classificação
: 16 anos; menores de 16 anos apenas acompanhados pais/responsável legal

Opinião

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Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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