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Laerte afirma que demorou para transicionar: 'Pensei em mudar de nome'

Colaboração para Splash, em São Paulo

28/09/2024 05h30

Laerte explicou que passou 10 anos em processo de transição de forma silenciosa até falar publicamente sobre ser uma mulher trans. Em entrevista ao Alt Tabet, do Canal UOL, a cartunista também contou que "não tem" mais o que falar sobre o tema, porque já abordou "tudo que podia e que tinha para falar".

Ela contou que sua transição se deu de forma devagar. "A transição de gênero foi algo a mais na minha vida, me fez muito bem, fiquei muito satisfeita. Para mim foi uma coisa bem paulatina, fiquei 10 anos sem ninguém perceber".

Ela relatou que a transição surgiu em sua vida no começo dos anos 2.000, mas que demorou para torná-la pública. "Eu achei que isso fazia sentido para mim no início do século 21, com mais de 50 anos, aí demorei por vários motivos, até 2011, para resolver que não sou crossdresser, que sou mulher, que não me interessava mais ter uma identidade masculina".

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Laerte também admitiu que cogitou outros nomes após a transição. "Pensei em mudar de nome, me chamar Sônia, porque o crossdresser tem essa coisa de ter uma existência em masculino e em feminino, que para muita gente é conveniente, é um resguardo de situações sociais. Mas para mim não tinha muito sentido".

Laerte diz estar 'cansada e perdida' na política

Ela explicou que essa sensação de "cansaço" e o sentimento de está "perdida" não são algo recente. "Já vinha com uma sensação de que eu estava me afastando da política, fiz campanha e votei no [Guilherme] Boulos [para presidente] em 2018, em 2022 votei no Lula. Eu faria campanha hoje, mas não com o mesmo ímpeto e presença de antes", declarou.

Ela, que apoia a candidatura de Boulos pela prefeitura de São Paulo, destacou que sua presença na campanha "está mais comedida". "Tenho saído pouco de casa, mas sei quem apoiar e quem não apoiar. As coisas estão diferentes, os cenários são coisas que levo em conta o tempo inteiro... Que Brasil é esse? Não dá para gente sair triunfante e dizer: 'ganhamos, vamos botar para f*der'. Não tem como! Hoje nós temos questões novas se colocando de uma maneira meio assustadora, e o que fazer?", refletiu.

Laerte perdeu vontade de desenhar após morte do filho

Cartunista relatou que perder Diogo alterou sua vivência, não apenas no âmbito pessoal, mas também no profissional. "Quando o Diogo morreu, achei que tudo tinha acabado, falei 'não quero mais desenhar, não quero mais fazer nada'. Durante um tempo fiquei nessa coisa, daí percebi que eu podia continuar trabalhando com o que eu trabalhava e que também era uma oportunidade de radicalizar um modo de trabalhar que eu vinha desenvolvendo, que é a ideia de deixar os personagens de lado, deixar de lado a confecção da piada e trabalhar de um jeito diferente".

Ela admitiu que o luto também interferiu em sua transição de gênero, que foi interrompida em decorrência da morte de Diogo. "A morte dele influenciou não só meu trabalho como também minha transição de gênero, minha vivência. Aquele momento me ajudou a radicalizar as coisas de tal forma que tornou possível a passagem da expressão gráfica do meu trabalho, mas impediu uma transição que acontecia no campo de gênero, porque nesse momento eu bloqueei tudo isso, deixei embaixo do tapete, e fui trabalhar só com a transição gráfica. E aí é como cada um lida com as coisas".

Diogo tinha 22 anos quando morreu em 2005 em um acidente de carro. Além dele, Laerte tem outros dois filhos: Rafael e Laila.

Alt Tabet no UOL

Toda quarta, Antonio Tabet conversa com personagens importantes da política, esporte e entretenimento. Os episódios completos ficam disponíveis no Canal UOL e no Youtube do UOL. Assista à entrevista completa com Laerte:

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