Conteúdo publicado há 2 meses

Lotadas e com socialites: o que eram 'festas do branco' feitas por Diddy?

Sean Combs, conhecido como Diddy, está nos holofotes nas últimas semanas após ter sido preso, acusado de violência e exploração sexual, tráfico humano, sexual e de drogas. Com a repercussão, as "festas do branco", promovidas por ele entre os anos 1990 e 2000, foram lembradas.

O que eram as 'festas do branco'?

As "festas do branco", que começaram em 1998, eram um dos principais eventos do showbiz na época. Diddy reunia famosos de diversas áreas, e todos se vestiam de roupas completamente brancas. Já estiveram no evento nomes como Leonardo DiCaprio, Kim Kardashian, Jay-z, Paris Hilton e outras celebridades.

Os eventos aconteciam em lugares luxuosos, como a comunidade dos Hamptons, em Nova York. Em 2006, em entrevista a Oprah Winfrey, ele falou sobre suas motivações por trás dessas festas: colocar as pessoas no mesmo nível, e com a mesma cor. "Eu tinha socialites lá e parentes do sul. Havia 200 pessoas sentadas aqui, apenas fazendo um churrasco caseiro".

Além de Nova York, Diddy também promoveu edições da "festa do branco" em Los Angeles e Saint-Tropez. Os eventos aconteciam, normalmente, no Dia do Trabalho e no Quatro de Julho, datas comemorativas nos Estados Unidos. Há relatos de festas com centenas de pessoas.

Segundo uma reportagem da QG, publicada em 2016, a última edição da festa do branco de Diddy aconteceu em 2009. O evento foi em Los Angeles.

Entenda o caso

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O rapper Sean Combs (conhecido como "Diddy", "Puff Daddy" ou "P. Diddy") foi preso na segunda-feira (16), acusado de organizar festas sexuais forçadas e abusivas em hotéis de luxo nos Estados Unidos. A acusação, de 14 páginas, cita as orgias de Diddy como "freak-offs". O termo é uma expressão informal, utilizado pela polícia apenas por conta da singularidade do caso: um "freak-off" é um "surto", uma competição ou desafio entre pessoas que estão mostrando suas habilidades únicas ou excêntricas. A palavra foi citada pela primeira vez pelas vítimas que fizeram a queixa — pelo menos oito pessoas entraram na Justiça contra o rapper.

A acusação sugere também que Diddy estaria envolvido em tráfico humano. De acordo com o documento, os freak-offs eram organizados pelo rapper e sua equipe, muitas vezes transportando profissionais do sexo, homens e mulheres, "através de divisas estaduais e fronteiras internacionais".

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Os freak-offs eram performances sexuais elaboradas e produzidas em que Combs [P. Diddy] organizava, dirigia, se masturbava durante e frequentemente gravava eletronicamente. [...] Os freak-offs ocorriam regularmente, às vezes duravam vários dias e frequentemente envolviam vários profssionais do sexo.
Trecho da acusação contra P. Diddy

Os profissionais do sexo também teriam sido drogados pelo rapper. Segundo o Tribunal Distrital do Sul de Nova York, que emitiu a acusação, as vítimas foram dopadas para que se mantivessem "obedientes e dóceis". Os quartos de hotel estariam equipados com "mais de 1.000 frascos de óleo de bebê e lubrificante" e as filmagens das orgias teriam sido usadas por P. Diddy como forma de chantagem contra os profissionais do sexo.

A acusação fala em uma "empresa" do crime. De acordo com o documento, os funcionários da "Combs Entreprise" estavam diretamente envolvidos na logística dos freak-offs: eram eles que organizavam as orgias, inclusive aliciando os profissionais do sexo para participar, muitas vezes sob o pretexto de uma relação romântica com Diddy. Os promotores argumentam que os encontros sempre envolviam violência, uma alegação que a defesa nega.

Membros e associados da Combs Enterprise, incluindo supervisores de alto escalão, equipe de segurança, equipe doméstica, assistentes pessoais e outros funcionários, facilitaram os freak-offs, entre outras coisas, reservando quartos de hotel; abastecendo os quartos com antecedência com os suprimentos necessários, incluindo substâncias controladas, óleo de bebê, lubrificante, roupas de cama extras e iluminação; limpando os quartos de hotel após os freak-offs para tentar mitigar os danos aos quartos; organizando viagens para vítimas; entregando grandes somas de dinheiro a Combs para pagar os profissionais do sexo; e agendando a entrega de fluidos intravenosos.
Trecho da acusação contra P. Diddy

Casas de Diddy foram alvos de buscas. Autoridades norte-americanas foram a propriedades do rapper em Los Angeles e Miami Beach em março, como parte da investigação, apreendendo dispositivos eletrônicos no processo. Os promotores também ouviram várias pessoas que acusaram Diddy, incluindo as que entraram com ações civis contra o rapper.

Diddy vai continuar sob custódia até o seu julgamento. Os advogados tentaram apelar da decisão e ofereceram o pagamento de uma fiança, que foi negada por um juiz. Os promotores argumentaram que ele corria o risco de obstruir o caso, o que foi acatado pelo magistrado.

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Freak-offs já haviam sido mencionados por Cassie

Em 2023, a cantora Cassie entrou com uma ação judicial contra Diddy, seu ex-namorado. A artista alegou que, durante seu relacionamento com o rapper, ela ficou presa em um "ciclo de abuso, violência e tráfico sexual" de uma década, incluindo um estupro em 2018, depois que ela tentou deixá-lo.

Diddy e Cassie
Diddy e Cassie Imagem: AgNews

Segundo Cassie, Diddy tomou "controle total" de sua vida. A cantora afirmou, em sua queixa, que conheceu Diddy em 2005 — quando ela tinha 19 anos, e ele, 37. Após assinar com a gravadora do rapper, a Bad Boy Records, ele teria passado a comandar todas as ações de Cassie, "garantindo assim sua incapacidade de escapar de seu domínio".

De acordo com a queixa, ele a pressionou a ser sua namorada e ela aceitou com medo de retaliação. Cassie alegou que, durante o relacionamento, ele lhe deu "grande quantidade de drogas" e exibia "raiva incontrolável" enquanto "frequentemente batia nela selvagemente".

A cantora também teria se envolvido nos freak-offs. Segundo a cantora, esse termo era usado por Diddy quando ele queria assistir à cantora realizar atos sexuais com profissionais do sexo. Nesses encontros, o rapper ordenava que ela despejasse quantidades "excessivas" de óleo em si mesma e dizia a ela onde tocar nos profissionais do sexo enquanto ele filmava e se masturbava. Ela disse ainda que os freak-offs "sempre" incluíam uso de drogas, como ecstasy, cocaína, GHB, cetamina, maconha e álcool.

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Diddy se declarou inocente das acusações de Cassie. Seu advogado, Marc Agnifilo, argumentou que os eventos foram consensuais, parte de um relacionamento não convencional, mas voluntário, entre os dois. Agnifilo destacou que vários homens envolvidos negaram ter sido coagidos ou se verem como profissionais do sexo.

Cassie retirou a queixa. A cantora e o rapper chegaram a um acordo fora do tribunal um dia após a prestação da acusação. Os termos do acordo não foram divulgados por nenhuma das partes. "Decidimos resolver esse assunto amigavelmente", disse Diddy à época.

Em maio deste ano, foi divulgado um vídeo de Diddy agredindo Cassie. Nas imagens, gravadas em 2016 e publicadas pela CNN, é possível ver o rapper chutando e batendo na cantora em um hotel na Califórnia. Os promotores alegam que ele ofereceu suborno aos funcionários do local e tentou destruir as imagens das câmeras de segurança.

A violência doméstica é 'A' questão. Isso acabou comigo e me transformou em alguém que eu nunca imaginei me tornar. Com muito trabalho duro, estou melhor hoje, mas estarei sempre me recuperando do meu passado. Obrigado a todos que se deram ao trabalho de levar esse assunto a sério,
Cassie após a divulgação das imagens

Rapper enfrenta outras acusações

Na semana passada, ele foi denunciado pela cantora Dawn Richard. Ela o acusou de agressão sexual, agressão física, tráfico sexual, discriminação de gênero e fraude. Dawn diz que também presenciou as agressões de Diddy a Cassie.

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Em 2023, Diddy foi acusado de estupro grupal contra uma garota de 17 anos. A autora da queixa alega que teria sido drogada e abusada sexualmente na gravadora do rapper em 2003. Além de Diddy, Harve Pierre, o ex-presidente da Bad Boy Records, e uma outra pessoa não nomeada são citados.

No mesmo ano, o rapper foi acusado de estupro por outra mulher. Liza Gardner entrou com uma ação judicial contra Diddy, alegando que ele e o compositor Aaron Hall se revezaram estuprando ela e uma amiga no início dos anos 1990, quando ela tinha 16 anos. Segundo o processo, eles teriam se conhecido em um evento da MCA Records, e elas foram convidadas para ir ao apartamento de Hall para uma festa, e lá "foram oferecidas mais bebidas" e foram "coagidas" a fazer sexo.

O produtor do último álbum de Diddy também o acusou de abuso sexual. "Lil Rod" processou o rapper, acusando de contato sexual indesejado e de forçá-lo a contratar profissionais do sexo e participar de atos sexuais. Enquanto trabalhava no álbum "Love", entre 2022 e 2023, Jones alega que Diddy tocou seus órgãos genitais sem consentimento, e que ele também tentou "prepará-lo" para fazer sexo com outro homem, dizendo que era "uma prática normal na indústria musical".

Diddy foi condenado a pagar US$ 100 milhões em outro processo. Derrick Lee Smith acusou Combs de drogá-lo e agredi-lo sexualmente em uma festa há quase 30 anos. Um advogado de Combs disse que o rapper pediria a anulação da sentença.

Outras quatro pessoas acusaram Diddy de abuso sexual. Em processos separados, todos registrados neste ano, Adria English, Derrick Lee Cardello-Smith, April Lampros e Crystal McKinney citam que o rapper os teria estuprado, geralmente após oferecer drogas. As agressões sexuais teriam acontecido entre as décadas de 1990 e 2000.

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