Cid Moreira entrou para o Guinness por trabalho no JN: 'Fui surpreendido'

Cid Moreira, que morreu nesta quinta-feira (3) aos 97 anos, foi âncora do Jornal Nacional por quase 27 anos. A longevidade no comando do principal noticiário televisivo do país lhe rendeu um registro no Guinness World Records, o Livro dos Recordes, enquanto ele ainda estava na bancada.

O recorde de Cid

Apresentador com maior tempo a frente de um mesmo telejornal. Em 2019, ele relembrou como foi a experiência de ser reconhecido no prestigiado Guinness por sua longevidade na condução do JN.

Fui surpreendido com este reconhecimento do Guinness Book. Isto foi anos antes de eu deixar a bancada. E eu me lembro que quando comecei no Jornal [Nacional], eu me lembro que o Walter Clark, na época era o diretor-geral, dizia que eu era o Walter Cronkite brasileiro. Aí eu falei 'quem é esse cara?' e tal. Depois eu vim saber que era o grande apresentador da CBS nos Estados Unidos.

Cronkite, o Cid Moreira americano, apresentou o principal jornal da rede por "apenas" 19 anos. Ele esteve à frente do CBS Evening News entre 1962 e 1981. Uma das principais vozes do telejornalismo americano, encerrava suas transmissões com a frase "And that's the way it is" ('E é assim que é', em tradução livre), o boa noite dele. Cronkite morreu em 2009, aos 92 anos.

Recorde não é mais de Cid. A marca foi superada outras vezes ao longo dos anos e o título de âncora de notícias com a carreira mais longa à frente de um único programa foi conquistado mais recentemente pelo mexicano Jesús Héctor Benavides Fernández, por seus 48 anos e 53 dias na bancada do Multimedios Televisión (Canal 6), de Monterrey. Ele foi reconhecido em 7 de setembro de 2023.

Relembre Cid à frente do JN

Ele apresentou o programa cerca de oito mil vezes. Foram pouco mais de 26 anos na bancada, desde a estreia em setembro de 1969 até março de 1996, quando uma reformulação levou ao ar William Bonner e Lillian Witte Fibe.

Na estreia, disse uma frase que ficou marcada na história da televisão brasileira. Ele encerrou o telejornal dizendo o seguinte: "É o Brasil ao vivo aí na sua casa. Boa noite".

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Ele dizia que nunca deixou de ficar nervoso antes de entrar no ar. Em depoimento ao "Encontro", William Bonner relembrou um conselho que recebeu de Cid ao assumir o posto: "Se um dia você não estiver nervoso antes de apresentar o jornal, você vai errar".

No começo, Cid não se envolvia no dia a dia das notícias. Em depoimento ao Memória Globo, ele contou: "Eu chegava no horário de fazer o jornal, não participava da redação. Eu só ia para apresentar o jornal. Naquele dia, cheguei e vi aquele nervosismo, todo mundo preocupado. E, para mim, era normal. Mas no dia seguinte, vi na capa do jornal O Globo: 'Jornal Nacional?' Aí comecei a perceber a dimensão".

Morre Cid Moreira

Cid morreu aos 97 anos. A informação foi divulgada por Fátima Sampaio, esposa do apresentador, a Patrícia Poeta, que fez o anúncio no Encontro. Ele estava internado há um mês, disse Fátima em depoimento ao programa.

O apresentador, locutor e jornalista enfrentava dificuldade de funcionamento dos rins desde 2022 e, por esse motivo, recorria a sessões de diálise e se mudou para as proximidades do hospital. O tratamento passou a ser realizado em casa com a ajuda de sua mulher e da equipe médica.

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Última internação começou com uma infecção. No Encontro, o médico responsável pelo tratamento afirmou que ele foi internado no dia 4 de setembro com peritonite e infecção urinária. Cid, que já tinha atrofia muscular decorrente da idade, desenvolveu também um quadro de trombose durante o tratamento, dificultando ainda mais sua mobilidade.

Nas últimas semanas, teve um quadro de pneumonia. O boletim médico divulgado no Encontro atesta falência de múltiplos órgãos como causa da morte. Fátima, no entanto, ressalta: ele ficou lúcido até o fim.

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