Mesmo sem apresentar show inédito no MorumBis, Bruno Mars vale o repeteco
Quem foi ao The Town, em São Paulo, no ano passado, ou assistiu ao festival pela TV teve ali um spoiler de como seriam os shows da longa turnê nacional de Bruno Mars em sua volta ao Brasil. A primeira apresentação oficial dessa série de shows começou na sexta-feira (4), no Estádio MorumBis, também em São Paulo.
Portanto, não espere um show novo. Mars repete a mesma fórmula infalível, que une repertório repleto de hits, muita dança, carisma, qualidade técnica, vocal poderoso — um alento em tempos de abusos de playback e auto-tune — e os seus já populares bordões, como 'Eu quero você, gatinha gostosa', em que ele arrisca algumas palavras em português enquanto se diverte com a reação do público.
Até o figurino é o mesmo, assim como a sacada de agradar à audiência brasileira com uma música que faz parte da memória afetiva coletiva. No The Town, foi "Evidências", sucesso de Chitãozinho e Xororó; desta vez, a eleita da vez pelo tecladista de Mars é "Cheia de Manias", do Raça Negra, a canção do "Didididiê" — nessa hora, o artista se ausenta por alguns minutos do palco.
Tirando um detalhe ou outro, uma das únicas diferenças é que agora, como se trata de um show solo, fora de um festival, o palco vem com uma estrutura maior de iluminação e pirotecnia.
Marcada para às 21h, a apresentação, que teve poucos minutos de atraso para iniciar, foi aberta com a exibição nos telões do clipe-homenagem ao Brasil que Bruno Mars postou em suas redes sociais logo após sua passagem pelo The Town.
Com uma batida funk e brincando na letra com o insistente pedido dos Hooligans (nome dado aos fãs do artista) por "Bruno, come to Brazil", o vídeo viral fez um prenúncio de seu retorno. "São Paulo, Bruninho voltou! Porra, estou tão feliz de estar aqui", anunciou ele, ao surgir no palco.
Sua performance começa em alta voltagem com o sucesso "24K Magic", acompanhado de uma bateria contundente e seus backing vocals multitalentosos a plenos pulmões — uma combinação tão potente que chega até a abafar a voz de Mars. Mas seu vocal restabelece soberania absoluta a partir de "Finesse" e "Treasure", outros hits que ele emenda na sequência.
Antes de "Billionaire", também na lista de preferência dos fãs, ele canta um trecho de "Liquor Store Blues", música com uma levada reggae, que gravou com Damian Marley, uma espécie de lado B de seu repertório.
Bruno Mars passa, então, a seguir um script mais ou menos conhecido. Em "Calling All My Lovelies/Wake Up in the Sky", o artista faz a performance do telefone, em que ele fala o já esperado "Eu quero você, gatinha", com entonação de conquistador. Aliás, ele surpreendeu fazendo uma palhinha de "Gorilla" em "Calling All My Lovelies". Seus fãs sempre pedem para ele incluir "Gorilla" e "The Lazy Song" em seus shows, mas as duas canções seguem fora do repertório.
Tem também as danças mais sensuais em "That's What I Like" e "Please Me". E o momento piano, que Mars elegeu como sua preferida durante o show, além de reunir no pot-pourri os antigos hits "Fuck You", "Young, Wild & Free", "Grenade", "Nothin' On You", "Talking to the Moon" e "Leave the Door Open", ganha um reforço: a nova canção "Die With a Smile", feita em parceria com Lady Gaga.
"Versace On The Floor", "It Will Rain", "Marry You", "Runaway Baby" e a sofrência romântica "When I Was Your Man" também estão mantidas no setlist. E a dupla de sucessos "Locked Out of Heaven" e "Just The Way You Are" encaminham a apresentação para o final. O show se encerra, em alta voltagem, assim como começou, com "Uptown Funk".
Mesmo não sendo um show inédito, Bruno Mars vale o repeteco: é um cantor, compositor e músico completo, que toca vários instrumentos, faz coreografias e exibe uma qualidade técnica vocal que o faz alcançar notas altíssimas. Responsável por dar uma roupagem contemporânea ao soul, ao funk e ao R&B, se tornou uma das maiores estrelas pop do século 21. Para além de ser um artista a serviço da música, ele também é um entertainer talentoso.
Mars conquistou a audiência do Brasil das mais diversas faixas etárias, inclusive crianças e adolescentes, que também fizeram parte da plateia do primeiro show do Morumbis. Se a vida amorosa de Bruno Mars é atualmente um mistério, uma coisa é certa: ele está em um relacionamento sério com o público brasileiro.
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