A Flip chegou! Veja 5 dicas de livros para entrar no clima da feira

A Flip começa nesta quarta-feira (9). Em sua 22ª edição, a Festa Literária de Paraty homenageará João do Rio, cronista celebrado do século 20 que se tornou membro da Academia Brasileira de Letras com apenas 29 anos.

Entrando no clima, o colunista Rodrigo Casarin e as repórteres Luiza Stevanatto e Fernanda Talarico, de Splash, compartilham cinco dicas de livros para entrar no clima do evento:

"Baratas", de Scholastique Mukasonga (Nós, tradução de Elisa Nazarian)

Rodrigo Casarin - Um dos grandes nomes contemporâneos da literatura de língua francesa, Mukasonga é uma escritora tutsi que presenciou e sobreviveu aos massacres que aconteceram no seu país natal, Ruanda, em meados da década de 1990. Ela leva histórias chocantes sobre a guerra civil que opôs os ruandeses para livros como "A Mulher de Pés Descalços" e "Nossa Senhora do Nilo".

Só fui ler Mukasonga após sua vinda para a Flip, em 2017. Comecei por "Baratas", que recomendo. Nele a autora mostra como os tutsis foram por décadas perseguidos em Ruanda, revelando o que descambou no genocídio de 1994.

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"Tô Frito: Uma Coletânea dos Mais Saborosos Desastres na Cozinha", de Luciana Fróes e Renata Monti (Bicicleta Amarela)

Luiza Stevanatto - Também estive na Flip em 2017, mas não como repórter. Era estagiária em um dos muitos empreendimentos da cidade que, assim como a maioria dos outros, se agita com a chegada da feira na cidade. O lançamento de "Tô Frito" não fazia parte do programa principal da Flip, e, sim, dos muitos eventos paralelos que ocorrem durante o evento.

Diferente dos livros "cabeçudos" que são a cara da Flip, "Tô Frito" traz historinhas divertidas de "desastres" na cozinha. Chefs contam as vezes em que se embananaram com ingredientes, clientes, salões e tudo mais. Naquela Flip, pude conhecer autores como William Finnegan, Deborah Levy e outros que faziam parte do programa oficial. Mas o lançamento de "Tô Frito" foi um exemplo da efervescência que toma conta da cidade na época da Flip, enchendo as ruas, livrarias, salões e restaurantes de cultura. A viagem até Paraty vale a pena!

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"Era Uma Vez Uma Mulher que Tentou Matar o Bebê da Vizinha", de Liudmila Petruchévskaia (Companhia das Letras, tradução de Cecília Rosas)

Rodrigo Casarin - Fico feliz só de lembrar do meu primeiro contato com a obra dessa russa. Na Flip de 2018, ela chamou atenção por se apresentar de chapelão preto e aproveitar o palco para incorporar Consuelo Velásquez e cantar "Bésame Mucho".

Como o título indica "Era Uma Vez Uma Mulher que Tentou Matar o Bebê da Vizinha" apresenta caminhos inusuais em seu diálogo com os contos de fadas. Comparada a gente como Edgar Allan Poe e Gogol, Liudmila é uma exímia contadora de histórias, temperando seus contos com horror, estranhamentos e boas doses de absurdos.

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"De Amor Tenho Vivido: 50 Poemas", de Hilda Hilst (Companhia das Letras)

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Fernanda Talarico - Hilda pode ser satírica e pornográfica, mas fala sobre amor como ninguém. Este livro nos leva por esse lado romântico irreverente da autora, que nos entrega desejo, paixão e muito sentimento.

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"Me Chama de Cassandra", de Marcial Gala (Biblioteca Azul, tradução de Pacelli Dias Alves de Sousa)

Rodrigo Casarin - Certo, não lembro se foi a vinda do cubano Marcial para a Flip que motivou a minha leitura deste romance, mas como ele fez uma das melhores mesas da edição passada da festa, ao lado de Luiza Romão, merece estar aqui.

Mistura de mitologia grega com a Cuba revolucionária, da história de Cassandra com crenças ainda em voga em nosso tempo, de guerras do passado com conflitos de décadas atrás que seguem a ecoar. E tudo isso protagonizado por uma personagem em meio ao complexo processo de compreensão de sua identidade trans. Eis "Me Chama de Cassandra", uma ótimo trabalho que mescla mitos do passado e do presente. Escrevi com mais detalhes sobre o livro aqui.

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