'Baby' é um filme 'arrebatador e sensível' sobre São Paulo: 'Envolvente'

"Baby" (Marcelo Caetano) e "Malu" (Pedro Freire) foram os grandes vencedores do Festival de Cinema do Rio.

Thiago Stivaletti, que já assistiu a "Baby", diz que o filme empolgou em suas exibições pós-Festival de Cannes.

O comentarista afirma que o roteiro é mais elaborado do que "Corpo Elétrico", do mesmo diretor. "No 'Baby' a gente vê essas famílias de pessoas um pouco perdidas se juntando e criando uma rede de afeto (...) tem uma história um pouco mais envolvente".

A trama acompanha Wellington, que deixa um centro de detenção juvenil e, sem apoio dos pais, vaga pelas ruas de São Paulo. Em um cinema pornô, ele encontra Ronaldo, um homem mais velho, que o guia.

Outro destaque do filme vai para o olhar do diretor para a cidade onde ele é gravado, diz Stivaletti. "Marcelo Caetano filma São Paulo com carinho e com uma beleza que é engraçada. São Paulo [às vezes é vista como] muito feia, principalmente o centro, que está tão degradado, mas o Marcelo bota uma fotografia ali que você fal: 'Nossa, como São Paulo é lindo'".

A coincidência trágica da atriz libanesa com 'Retrato de um Certo Oriente'

Destaque na Mostra São Paulo, "Retrato de Um Certo Oriente" conversa diretamente com a realidade que vivemos.

Wafa, atriz libanesa que vive em Beirute, contou em uma ação de divulgação do filme que ele foi "uma grande aventura". "Descobrir o Brasil, descobrir a Amazônia, é uma coisa muito linda, muito mágica. Mas também é uma aventura, porque o filme acontece ao mesmo tempo que temos acontecimentos maiores no Líbano", explica.

Durante o casting do filme, acontecia uma revolução e uma crise econômica e política no Líbano, lembra. "Depois a explosão no porto. E agora, quando pensamos que as coisas não podem ser mais ruins, temos guerra. Então, é muito interessante que minha aventura com esse filme era ao mesmo tempo minha aventura de libanesa".

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Flavia Guerra diz que o longa e a realidade são uma "triste coincidência". "A comunidade sírio-libanesa é muito importante em São Paulo, mas na Amazônia a gente pouco fala. Assim como tem japoneses na Amazônia também. Então, que esse filme seja bem visto", afirma.

Da 'Misericódia' a 'Shikun': filmes da 48ª Mostra de SP que todo cinéfilo deve ver

Prevista para acontecer entre 17 e 30 de outubro, a 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo já tem seus destaques. Thiago Stivaletti enumera os seus:

"Misericórdia" (Alain Guiraudie): suspense francês aclamado em Cannes, o filme trata de questões como ciúmes, masculinidade e homoafetividade. "Guiraudieum é um cineasta que eu gosto muito, sempre muito radical nas escolhas", diz Stivaletti.

"Bangarang" (Giulio Mastromauro): "É um documentário-ensaio sobre a cidade de Taranto, uma cidade lindíssima da costa da Itália que tinha uma usina onde teve a maior catástrofe ambiental da Itália. O filme acompanha apenas crianças que vivem em Taranto - como se fosse um pouco uma Cubatão dos anos 1980. Essas crianças estão crescendo completamente intoxicadas, mas o filme não fala nada disso. O filme mostra apenas um grande ensaio em cima dessas crianças. É uma fotografia espetacular."

"Shikun" (Amos Guitai): Guitai é um diretor israelense acompanhado pela mostra há algum tempo, diz Stivaletti. "Shikun é um prédio, um condomínio ali em Israel, onde vivem diferentes tipos de população. Deve ter todo mundo convivendo junto", explica. "Guitai é, obviamente, anti-Benjamin Netanyahu, contra toda essa política de genocídio que Israel faz em cima da população árabe-palestina."

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"Why the War" (Amos Guitai): também de Amos Guitai, o filme imagina o encontro de Albert Einstein com Sigmund Freud. "Pelas fotos, parece uma produção mais simples, mas ele pega esse encontro que aconteceu num evento da Liga das Nações", diz. "É um diretor muito formidável, muito complexo, muito ligado nos conflitos do mundo e que, em geral, a gente só tem oportunidade de ver na mostra."

  • Assista à íntegra do Plano Geral:

Apresentado por Flavia Guerra e Vitor Búrigo, Plano Geral é exibido às quartas-feiras, às 11h, no canal de Splash no YouTube e na home do UOL, com as principais notícias sobre cinema e streaming. Você pode ainda ouvi-lo no Spotify, Apple Podcasts e Google Podcasts.

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