Estupro e racismo: Donald Trump tem razão em tentar boicotar cinebiografia?
A pouco menos de um mês das eleições norte-americanas, Donald Trump, 78, é assunto mundialmente não apenas por ser o candidato do Partido Republicano para comandar os Estados Unidos, mas também por ser o assunto do filme "O Aprendiz", cinebiografia não autorizada do ex-presidente.
Trump já se pronunciou publicamente dizendo torcer pelo fracasso do filme, ameaçou processar a produção por difamação e tentou proibir judicialmente o seu lançamento. "Um filme falso e sem classe escrito sobre mim", afirmou o empresário em suas redes sociais.
Dirigido por Ali Abassi e protagonizado por Sebastian Stan, as tentativas de que o longa fosse censurado falharam e, no Brasil, "O Aprendiz" chega aos cinemas nesta quinta-feira (17).
Donald Trump tem razão?
A ideia inicial de uma cinebiografia é a de mostrar ao público a verdadeira história de uma pessoa notória, com detalhes e polêmicas que envolvem sua vida. Exemplos recentes são "Bohemian Rhapsody", "Rocketman", "Bob Marley: One Love", e outros.
Claro, há exemplos de filmes que parecem ser sobre fatos, mas fogem completamente da realidade, como acontece com "Bastardos Inglórios", de Quentin Tarantino, o qual é baseado na presença de Hitler na Segunda Guerra Mundial, mas distorce a história. O diferencial do longa sobre os nazistas é que fica claro se tratar de uma releitura.
Em "O Aprendiz", no entanto, não há espaço para achar se tratar de uma caricatura. Portanto, é normal que o público acredite que o que está sendo exibido é realidade, o que não é bom para o atual momento de Donald Trump, que tenta voltar à presidência dos Estados Unidos.
O roteiro aborda, por exemplo, as acusações contra Donald Trump e sua família de serem racistas. A narrativa cita um processo de 1973 aberto contra eles, quando deliberadamente não aceitavam que pessoas negras pudessem alugar casas em seus complexos habitacionais.
Em dado momento, é mostrada uma cena de estupro cometido por Trump contra a sua ex-esposa Ivana Zelnickova. Na cena, ele se revolta ao ser chamado de "careca" e "gordo". A sequência foi baseada em um depoimento dado pela modelo em 1990, durante o processo de divórcio. No entanto, em 2015, durante a primeira campanha presidencial de Trump, ela negou que tenha sido estuprada. Ivana morreu em 2022, aos 73 anos.
Outro fato que pode manchar a imagem do candidato republicano perante seus eleitores é uma lipoaspiração a que ele teria se submetido, assim como um transplante de cabelo. Trump nunca falou sobre o assunto, mas Ivana afirmou, durante o processo de divórcio, que o então marido teria se submetido às cirurgias.
Por fim, "O Aprendiz" também aborda outros boatos sobre a vida de Donald Trump, como o uso de metanfetamina para emagrecer e a disfunção erétil que o remédio teria acarretado.
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