Silvero Pereira em 'O Maníaco do Parque': 'Tenho que defender o personagem'

O Maníaco do Parque é um dos criminosos mais conhecidos do Brasil e, agora, sua história ganha um filme ficcionalizado que estreia nesta sexta-feira (18), no Prime Video. Francisco de Assis Pereira foi preso em 1998 pelo estupro e morte de 11 mulheres no Parque do Estado, em São Paulo. No longa, quem interpreta o assassino em série é Silvero Pereira, ator cearense com diversos sucessos no currículo, incluindo o icônico Lunga, de "Bacurau".

Para mim, foi um papel difícil de ser construído por ser um personagem real. Há uma responsabilidade nesta história também, porque eu, como ator, tenho que defender o personagem, não o Francisco. Silvero Pereira, em entrevista a Splash

O ator precisou buscar diferentes artifícios para construir de maneira técnica o vilão. Isso inclui, por exemplo, o olhar e feições que, mesmo antes do lançamento do filme, já chamavam a atenção em fotos de divulgação pela semelhança com o assassino em série. "Não é uma construção emocional e nem pessoal com o Francisco. Fui descobrindo artimanhas para essa construção a partir do material dele. Fui assistindo a vídeos, a entrevistas e a uma série de coisas públicas sobre ele. Deste material, anotei circunstâncias, movimentos corporais, olhares, maneira de falar, mudança de entonação, e eu fui usando esses mecanismos."

Silvero Pereira interpreta Francisco de Assis Pereira, o Maníaco do Parque, no filme sobre o assassino em série
Silvero Pereira interpreta Francisco de Assis Pereira, o Maníaco do Parque, no filme sobre o assassino em série Imagem: Amazon Studios/ Divulgação

Ao longo dos 98 minutos de filme, somos apresentados a três diferentes versões do criminoso. A primeira é Francisco de Assis, um jovem trabalhador, esforçado e querido pelo patrão. Depois, Chico Estrela, um atleta de patinação que faz sucesso no Parque Ibirapuera e sonha com a fama. Por último, o Maníaco do Parque, assassino que enganava mulheres, dizia ser um caça talentos, as atacava e, por muitas vezes, as matava.

Eu construí um personagem para que o espectador assista e consiga compreender por que as vítimas foram seduzidas e levadas para aquele lugar [o Parque do Estado]. Silvero Pereira

Dividindo o protagonismo de "O Maníaco do Parque" está Giovanna Grigio, conhecida por "Chiquititas" e "Rebeldes", que no título interpreta Elena, uma investigadora criada para o filme. No longa, ela é uma espécie de fio condutor do público pela história do assassino.

Tive mais liberdade porque, como não existia uma referência específica, eu consegui criar da melhor maneira para a história. Giovanna Grigio, a Splash

Elena é um personagem criado para o filme 'O Maníaco do Parque'
Elena é um personagem criado para o filme 'O Maníaco do Parque' Imagem: Divulgação/Prime Video

Violência

A produção não tem amarras quando o assunto é violência em cena e, logo no início, mostra o ataque de Francisco contra uma de suas vítimas, interpretada por Bruna Mascarenhas. A sequência é gráfica e não poupa detalhes.

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Bruna Mascarenhas vive vítima em 'O Maníaco do Parque'
Bruna Mascarenhas vive vítima em 'O Maníaco do Parque' Imagem: Divulgação/Prime Video

Prezando pelo bem-estar dos atores, a gravação contou com a coordenadora de intimidade Larissa Bracher, que acompanhou desde o momento que Pereira e Mascarenhas se conheceram, até às gravações. "Os dois lados tinham que estar à vontade nas sequências. A cena é extremamente coreografada. [...] Todos os movimentos, a quantidade de passos, a mão que se levanta, para que lado o corpo cai, em qual parte do corpo posso ou não posso me aproximar da atriz, onde ela pode tocar no meu corpo também. Isso deu toda a segurança possível para que essa cena acontecesse", conta Silvero.

Em meio à violência e à brutalidade impressas em "O Maníaco do Parque", Silvero Pereira diz que sua intenção com o filme é respeitar as vítimas do criminoso, dando voz e mostrando o lado delas. Grigio concorda com o colega de elenco; ambos acreditam se tratar de uma espécie de reparação histórica, mesmo que a única personagem feminina a ter desenvolvimento seja Elena, uma pessoa que não existiu de fato.

Um dos assuntos abordados pelo título é a vontade do assassino de ser famoso, mesmo que fosse nas páginas policiais. Confrontado sobre uma possível satisfação de Francisco de Assis ao se ver como protagonista do filme, Pereira encerra dizendo não ser da sua alçada, como ator, "julgar os sentimentos" do homem o qual usou como modelo para o trabalho. "Neste filme, estamos muito mais preocupados em valorizar as vítimas e os familiares."

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