Com 417 filmes na programação, Mostra de SP tem 109 dirigidos por mulheres
A 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo começa nesta quinta (17) e traz 417 filmes de diferentes lugares do mundo, de diferentes diretores. Entre eles, 109 títulos são comandados por mulheres, segundo o site oficial, o que representa 26% do total de filmes. Em 2023, entre os 362 títulos, 110 contavam com diretoras (30%). Já em 2021, foram 89 títulos entre os 264 filmes (33%). Ou seja, o percentual de filmes dirigidos por mulheres na Mostra têm diminuído nas últimas edições.
A diretora da Mostra, Renata de Almeida, 59, conta que não faz distinção de gênero na hora de curadoria das produções que estarão disponíveis no festival. "Considero o filme em primeiro lugar, depois vejo se é dirigido por homem ou por mulher", disse em conversa com Splash.
Responsável pela direção da Mostra há 30 anos, Almeida acredita não haver a necessidade de cotas para que filmes com mulheres na direção sejam exibidos, mas reconhece existir uma visão diferenciada sobre determinados assuntos que podem ser melhor abordados por meio de diretoras. Na programação oficial do evento, há títulos premiados comandados por mulheres, como "Tudo Que Imaginamos Como Luz", vencedor do grande prêmio do júri no Festival de Cannes e dirigido por Payal Kapadia; "Abril", vencedor do prêmio especial do júri no Festival de Veneza e do prêmio de melhor filme da competição Zabaltegi-Tabakalera do Festival de San Sebastián, comandado por Dea Kulumbegashvili.
Ao assistir, você percebe que só poderiam ser dirigidos por mulheres. Eles abordam as questões de sexualidade, aborto e outros problemas que batem muito mais nas mulheres do que nos homens.
Renata de Almeida
Outros títulos de diretoras são: "78 Dias", "A Borda dos Sonhos", "A Raposa e a Lebre Salvam a Floresta", "A Procura de Martina", "Basileia", "Em Fuga", "Linha Verde", "Lua", "O Legado de Pandora" e outros.
Guerra
Entre tantos títulos chama a atenção a diversidade de produções que abordam diferentes lados dos conflitos no Oriente Médio.
A diversidade de opiniões e visões nos longas apresentados "faz parte" do evento, explica a diretora. "Um festival é um encontro de ideias [...], e eu acho que a gente tem que reaprender até a discordar e a falar sobre os assuntos. Na questão do Oriente Médio, é um horror o que está acontecendo."
A gente tinha uma esperança, durante a pandemia, que o mundo acordasse, entendesse que o mundo é um só, que o ar é um só, que se a gente afundar, afundaremos todos. O que a gente viu depois da pandemia foram duas guerras, um massacre.
Renata Almeida, a Splash
Disponibilizar títulos com diferentes abordagens sobre os conflitos é uma maneira de trazer não apenas a informação ao público, mas mostrar a realidade de quem está sofrendo com os horrores da Guerra. "O cinema pode transformar números em pessoas, e mostrar que as pessoas de um determinado lugar não são os seus líderes horrorosos, ou os seus ditadores. As pessoas daquele lugar são humanas e muito parecidas [conosco]. Temos coisas em comum com a humanidade inteira."
Entre os longas disponíveis na programação sobre os conflitos, são destaques "Gazan Tales", do palestino Mahmoud Nabil Ahmed; "Happy Holidays", do palestino Scandar Copti, "Israel Palestina na TV Sueca 1958-1989", do sueco Göran Olsson, "A Lista," da iraniana Hana Makhmalbaf, e "No Other Land" do israelense, Yuval Abraham.
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A 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo acontece entre os dias 17 e 30 de outubro de 2024. Fazem parte do circuito diferentes salas de cinemas, espaços culturais e CEUS espalhados pela capital paulista, incluindo exibições gratuitas e ao ar livre.
A seleção deste ano conta com 417 filmes de 82 países. Confira a programação no site da Mostra. A compra de ingressos pode ser feita pelo aplicativo Mostra de Cinema de São Paulo, pelo site Velox Ticket.
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