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Game de 'Duna' quer ir além dos filmes: 'O que aparece lá não é suficiente'

Cartaz de 'Duna: Parte Dois' Imagem: Divulgação

Arthur Eloi

Colaboração para Splash, em São Paulo

18/10/2024 05h30

É um ótimo momento para ser fã de "Duna". O livro de Frank Herbert, parte essencial do cânone da ficção científica, foi lançado em 1965, mas só agora conquistou o tão merecido holofote da cultura pop mainstream, graças ao enorme sucesso dos filmes de Denis Villeneuve. Surfando a onda da aclamação, a saga agora terá um jogo bastante ambicioso —e Splash pôde testá-lo durante a Brasil Game Show 2024.

Previsto para 2025, "Dune: Awakening" é um game de sobrevivência em mundo aberto online, desenvolvido pelos noruegueses da Funcom, de "Conan Exiles". O estúdio trouxe ao evento em São Paulo uma demonstração pré-gravada para o público assistir, mas os jornalistas podiam experimentar uma hora do jogo em primeira mão, com o teste seguido por um papo com o diretor de arte.

O jogo se passa em um universo separado dos filmes, construindo narrativa própria em cima da trama dos livros originais. No teste, assumimos o papel de um personagem recém-criado, que se vê à mercê do impiedoso deserto do mundo arenoso de Arrakis. Após a nave cair no meio do nada e ser devorada por uma minhoca gigante de areia, só restava uma coisa a se fazer: sobreviver.

Ao longo da hora seguinte, vagamos pelo deserto em busca de formas de se proteger do sol escaldante, de se hidratar e de encontrar formas de progredir. Com câmera em terceira pessoa, o jogo tem a mesma pegada de "Conan Exiles", te colocando para coletar recursos para a construção de itens de saúde e combate. Outros jogadores vagam pelo mundo, assim como inimigos controlados pelo computador. Ficar no sol drena a barrinha de hidratação com velocidade impressionante, e violentas tempestades de areia podem te matar em segundos —podemos atestar isso, acredite.

Além dos perigos do ambiente, confrontar inimigos, como saqueadores e afins, é parte da experiência. O combate corpo-a-corpo, inicialmente com facas improvisadas, não é nada incrível, mas é bom o bastante. Atirar com armas —que, claro, você só encontrará após algumas horas de jogo— é um pouco mais satisfatório. A sensação é a mesma do combate de algo como "Mass Effect", o RPG da BioWare: é satisfatório o suficiente, mas não é certo se isso se manterá assim por centenas de horas.

Há ainda habilidades especiais da classe que você escolher. No caso, estávamos jogando como Bene Gesserit, a poderosa ordem de mulheres que influenciam a política e a ordem social com o uso da Voz, artifício de controle da mente. Isso se traduz no jogo em poderes telecinéticos, para impedir que inimigos te ataquem, ou para empurrá-los para longe.

Por mais que a demonstração tenha deixado uma primeira impressão positiva, o teste foi em uma versão beta que ainda parecia um pouco crua. Rodando no poderoso motor gráfico Unreal Engine 5, o game tem paisagens de encher os olhos, mas deixou a desejar nos detalhes e qualidade da iluminação. Com certeza, muito vai mudar até o lançamento, em 2025, mas é algo para ficar de olho.

Além da areia

Imagem do filme 'Duna' Imagem: Divulgação/Vanity Fair

Jogar um pouco de "Dune: Awakening" foi satisfatório, mas só arranhamos a superfície do que o jogo pode oferecer, explorando um pequeno trecho de um vasto mundo aberto —que, aparentemente, não será só de areia. O Splash conversou com Bruno Nunes, diretor de arte do game, que deu um gostinho do futuro.

Português, nascido na cidade de Barreiros, Nunes é um fã assumido de "Duna" desde 1992, graças aos games de estratégia da franquia no Super Nintendo. Conhecedor do mundo criado por Frank Herbert, ele garantiu que o jogo tem potencial de chegar onde os filmes de Denis Villeneuve não foram: "O que é mostrado nos filmes não é o suficiente, não é tudo o que está nos livros", afirmou. "Pouco a pouco a diversidade de biomas será introduzida ao jogador. Algo não mencionado nos filmes é que em Arrakis há uma zona de gelo, está nos livros. Tem muita variedade, como cidades, zonas radioativas, diferentes tipos de rochas, florestas, zonas úmidas."

Nunes prometeu que o jogo entregará a verdadeira experiência de viver no mundo da franquia, e que ainda há a possibilidade de, em algum ponto, os jogadores passarem a explorar outros planetas além do vasto deserto de Arrakis: "Obviamente que o jogo tem potencial para ser expandido", falou. "Por agora, Arrakis e os desertos, e as próximas expansões também se passarão lá, mas a estrutura do jogo já está preparada para podermos viajar de forma interplanetária. Depende da receptividade do público, mas o jogo é feito para durar."

Sem data definida, o lançamento de "Dune: Awakening" acontece no início de 2025 no PC, e mais tarde nos consoles Xbox Series X | S e PlayStation 5.

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