Bad Omens entrega o show mais visual do Knotfest 2024

À exceção, talvez, do barco viking dos suecos do Amon Amarth, a maioria dos palcos das atrações principais do Knotfest têm sido bem minimalistas - incluindo o dos próprios donos da festa.

Mas os americanos do Bad Omens chegaram neste domingo dispostos a mudar o cenário. Literalmente, no caso. Usando alguns totens estrategicamente posicionados, eles puderam não apenas fazer interessantes jogos de luz pensados para cada canção, mas também encontraram uma forma de fazer projeções que permitiam criar diferentes texturas: prédios, andaimes, árvores, bolhas, concreto rachado.

O resultado é que cada faixa acabou se tornando uma espécie de capítulo de uma história única, uma viagem a uma diferente dimensão, seja ela uma perigosa cidade noir, uma caverna inexplorada, uma floresta sombria, uma forja em plena atividade ou um túnel futurista.

Esta construção visual ajudou a dar ainda mais profundidade à performance, fazendo mesmo aqueles que pouco conheciam o seu repertório entrarem de cabeça.

A JORNADA DE NOAH

É interessante perceber o quanto Noah Sebastian aproveita cada um destes "capítulos" para mostrar um pouco de sua versatilidade não apenas como vocalista, mas também como performer, cantando de coração rasgado. Algumas das canções são introduzidas por vídeos no telão, que dão mais contexto sobre a letra, falando de causa e efeito, o medo de sofrer ao se relacionar, a luta contra pensamentos negativos de sua própria mente e por aí vai.

O narrador é um personagem "interpretado" justamento pelo cantor. Desde a abertura com "Concrete Jungle", ele vai mostrando que pode ir do agudo quase feminino, passando pela pegada messiânica de um Bono Vox e se entregando de vez ao gutural, quando preciso. Pois justamente depois do hit "Just Pretend", parcialmente executado de maneira acústica, ele assume o personagem sombrio do telão e, mascarado e com parte do rosto "queimada", ele executa a pesadíssima "Dethrone", usando e abusando do vocal extremo.

PARTICIPAÇÃO ESPECIAL

Obviamente que a banda não perderia a chance de divulgar o recém-lançado single "V.A.N", que conta com a cantora Poppy nos vocais. Como a amiga também tocou neste domingo, mais cedo, nada mais justo do que pedir para que ela ficasse mais um pouquinho por aqui, para dar esta canja.

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A sua aparição, sem aviso prévio, arrancou berros de satisfação de um público já entregue desde a música anterior, "Artificial Suicide". Só depois deste dueto com ela, aliás, é que os músicos tiraram as máscaras e capuzes com os quais adentraram o palco.

O SEGREDO ESTÁ NA COZINHA

Fazendo um metalcore entendido como algo mais "melódico", que não se furta a ser climático e delicado quando precisa, o Bad Omens experimenta e ousa com batidas e camadas eletrônicas. Mas, para qualquer um que tenha comparecido a esta estreia brasileira em pleno, uma coisa ficou claríssima: o combo baixo (Nicholas Ruffilo) e bateria (Nick Folio) comanda a sonoridade do grupo. O tanto que esta dupla soou vibrante, chegou a sacudir o chão do Allianz Parque.

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