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OPINIÃO

Na festa de 25 anos do Slipknot, nosso Eloy Casagrande vira o protagonista

Thiago Cardim

Colaboração para Splash, em São Paulo

20/10/2024 00h01

Antes mesmo de começar o primeiro show do Slipknot no Brasil, encerrando a noite 1 do Knotfest, uma coisa já tinha ficado clara: esta apresentação tinha um personagem principal muito específico. E ele passaria a noite sentado no fundo do palco. Assim que terminou "For Those About to Rock", do AC/DC, que serviu como esquenta oficial para o início da performance dos donos da festa, o público já gritava em uníssono: "Eloy! Eloy".

O baterista brasileiro, ex-Sepultura, caiu nas graças dos fãs de uma maneira que talvez nem o próprio Slipknot imaginasse. E foi assim ao longo de toda a apresentação - absolutamente irretocável, é bom que se diga, e que passou por algumas das principais fases do Knot. Mas em todas as canções, Eloy Casagrande teve a chance de mostrar que a exaltação não era apenas porque ele estava jogando em casa. O músico imprimiu a sua assinatura em cada faixa, batendo com iguais doses de precisão técnica e brutalidade, fazendo naturalmente com que o instrumento brilhasse ainda mais. Quando a apresentação terminou e ele foi pra frente do palco agradecer e jogar as baquetas, a banda reconheceu o que ali acontecia e o abraçou, um a um, incentivando a plateia a celebrar de novo a sua joia rara.

GREATEST HITS

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Este show do Slipknot teve um repertório construído na medida certa para agradar todos os tipos de fãs - os mais antigos, aqueles mais recentes... e até os que porventura estavam acabando de conhecer a banda, funcionando como bom ponto de partida. Afinal, ali teve grandes momentos de todas as eras. Com nada menos do que nove canções que ainda não tinham sido tocadas nesta atual turnê até o momento, eles foram de hits inevitáveis como "Duality" e "Before I Forget" até pequenas pérolas dos discos recentes e que já se tornaram igualmente clássicos, como "The Devil In I" (2014) e "Unsainted" (2019), mostrando que não se trata de um grupo calcado apenas no apelo nostálgico.

NÃO SEI PRA ONDE OLHAR

É, esta é a sensação de ver um show do Slipknot - e este retorno ao Brasil não foi diferente. Com uma formação extensa, de nove integrantes, tem sempre muita coisa acontecendo ali ao mesmo tempo, com os músicos indo cada um para cantos diferentes do palco, para interagir com a plateia, com diferentes sets de percussão (entre tambores, canos e afins) sendo espancados inclusive por tacos de beisebol, com DJs imprimindo camadas sombrias de efeitos eletrônicos... É quase como uma versão, em forma de pesadelo, de uma trupe circense. E é neste caos planejado que eles constroem a beleza de tudo.

FALEMOS SOBRE COREY

Apesar de toda a empolgação justificada com Eloy, o vocalista Corey Taylor jamais deixa de se destacar como figura carimbada no palco. Com uma máscara de tétricos olhos vermelhos brilhantes, ele surpreende sempre ao pular dos vocais mais limpos para os mais rasgados com uma facilidade tremenda, cantando numa mesma faixa de maneira quase pop e depois disparando um flow certeiro em forma de rap. E isso falando do cara que, meses atrás, enfrentou uma série de questões relacionadas à sua saúde mental. De alguma forma, além da integração visível com o restante da banda no palco, a sua relação com o público soa como algum tipo de terapia intensiva do grito. No caso deste show no Brasil, parece ter funcionado.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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