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Antonio Cicero passou seus últimos dias com marido em Paris antes de morrer

Antonio Cicero, 79, curtiu Paris com o marido, Marcelo Pies, 61, antes de passar por um procedimento de morte assistida na Suíça, na última quarta-feira (23).

O que aconteceu

Os dois visitaram pontos turísticos como o Centro Georges Pompidou, a igreja Sainte Chapelle e os restaurantes Georges e La Coupole. "Fomos ao Beaubourg, almoçamos no Georges e vimos uma exposição sobre o movimento surrealista. Jantamos no Atelier - do finado chef Rebuchon, que continua sensacional - e fomos pela milésima vez admirar a Sainte Chapelle e também a Brasserie La Coupole", detalhou Pies ao jornal O Globo.

O poeta optou pela morte assistida assim que recebeu o diagnóstico de mal de Alzheimer, já desgostoso com os efeitos da doença em sua rotina. "Exceto os amigos mais íntimos, como vocês, não mais reconheço muitas pessoas que encontro na rua e com as quais já convivi. Não consigo mais escrever bons poemas nem bons ensaios de filosofia. Não consigo me concentrar nem mesmo para ler, que era a coisa de que eu mais gostava no mundo", lamentou, em carta deixada aos amigos.

O viúvo acompanhou Antonio em seus momentos finais e diz acreditar que o companheiro morreu em paz. "Com toda a certeza, foi uma morte digna. Ele morreu em paz, segurando a minha mão, muito tranquilo e sem nenhuma ansiedade. Depois do medicamento, ele dormiu e, em meia hora ou um pouco mais, morreu."

Pies fez questão de respeitar a opção do marido pela morte assistida e afirma não ter se espantado com essa decisão dele. "Ele sempre, sempre defendeu a liberdade de se cometer eutanásia e suicídio assistido. Nisso, ele foi de uma coerência admirável. Por isso, não reagi com tanta surpresa. O futuro para quem tem Alzheimer é sabido. Ainda não há cura nem tratamento eficaz. Respeitei a decisão dele e o apoiei. Admiro imensamente a coragem e a determinação. Ele sempre apoiou todas as formas de liberdade, e essa foi mais uma."

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