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Felipe Neto: 'A gente precisa parar de validar pessoas fascistas'

De Splash, em São Paulo

26/10/2024 05h30

Felipe Neto, 36, critica a participação de figuras extremistas no debate público —em especial o eleitoral. Em entrevista exclusiva a Splash, o youtuber reflete sobre a "guerra da atenção" num mundo cada vez mais digitalizado e como a problemática pode contribuir para validar discursos extremistas.

O youtuber defende que a solução passe por uma mudança de postura das emissoras, no caso dos debates televisionados. "Primeira coisa que a gente precisa fazer: parar de validar pessoas que são declaradamente e visivelmente fascistas dentro do ambiente democrático. Segunda coisa: estabelecer regras duras que impeçam essa espetacularização do debate político. O debate político é lugar para troca de ideias."

O Pablo Marçal nem era para ser convidado para os debates, não era obrigatório. Foi escolha das emissoras, principalmente num primeiro momento, que optaram por chamá-lo para gerar audiência. Isso para mim é a síntese de um problema crônico que a gente vive hoje, que é a guerra da atenção. Felipe Neto

Felipe Neto durante participação na Flip 2024 Imagem: Ricardo Pedro Cruz

Ele também destaca a "demora" da justiça eleitoral em relação a casos como o de Marçal, que usou de desinformação para atacar adversários no primeiro turno. Em agosto, durante entrevista à CNN Brasil, o coach disse que Guilherme Boulos (PSOL) já havia sido preso com drogas —o que é falso.

E, principalmente, que não fique só dependendo das emissoras criarem regras, mas que a justiça eleitoral tome vergonha, porque é fundamental que se crie vergonha na justiça eleitoral, para entender que casos como o do Marçal não podem ter espera. Não dá para ficar sentado em cima, esperando 'ver o que vai acontecer'.

O coach chegou a ser multado por propaganda eleitoral negativa e inverídica. A sentença, inclusive, lembrou reportagem do jornal Folha de S.Paulo que mostrou que Marçal usou homônimo do candidato do PSOL para acusá-lo de usar substâncias ilícitas.

Regulamentação da internet

Felipe Neto, comunicador e influenciador digital Imagem: Divulgação

Empresário defende a necessidade de uma regulamentação mais rigorosa para a internet, que priorize a responsabilização por conteúdos nocivos. Ele argumenta que a remoção de contas deve ser o último recurso, aplicado somente após um devido processo legal.

Eu sou contra você remover uma conta inteira do ar sem você ter um devido processo legal, um direito à ampla defesa e uma sentença condenatória transitada em julgado.

Youtuber reconhece a dificuldade em conciliar a liberdade de expressão com a necessidade de combater a disseminação de conteúdos criminosos. Ele também critica a "lógica capitalista" que, segundo ele, coloca o lucro acima da ética.

Se o poder público não interferir no poder do lucro, essas plataformas nunca vão mudar de postura. É através de legislação específica que você passa a promover, por exemplo, a necessidade do dever de cuidado [obrigação de agir com prudência para cumprir normas jurídicas].

'Como Enfrentar o Ódio'

Felipe Neto divulga o livro "Como Enfrentar o Ódio" Imagem: Divulgação

Felipe Neto relata no livro "Como Enfrentar o Ódio" a própria experiência como alvo de ataques da extrema direita —em especial pela oposição ao governo do ex-presidente Jair Bolsonaro e a atuação em defesa de "pautas progressistas".

Para o youtuber, o combate à desinformação e ao discurso de ódio exige ações tanto do poder público quanto das plataformas digitais, com a criação de mecanismos de responsabilização e a implementação de políticas de moderação de conteúdo mais eficazes.

Enquanto os tribunais não criarem vergonha a respeito da necessidade urgente das temáticas em relação à inelegibilidade, a gente não vai sair do lugar, e Pablos Marçais vão continuar surgindo.

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