Invalidação, culpa: o que é luto perinatal que pode acometer Sabrina Sato?
Christiany Yamada
Colaboração para Splash, em São Paulo
06/11/2024 21h19
Sabrina Sato perdeu o bebê que esperava do noivo, Nicolas Prattes. A apresentadora, que estava na 11ª semana de gestação, informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não vai comentar o caso.
Luto perinatal
A perda de um bebê na gestação, no parto ou até os primeiros 7 dias de vida costuma causar o luto perinatal nas mães. Segundo o neuropsicólogo Rodrigo Maciel, esse momento de pesar, no entanto, costuma ser menosprezado pelas pessoas ao redor. "A sociedade muitas vezes não consegue validar esse luto por não ter tido contato ou não ter visto o bebê. Então, esse processo pode se tornar ainda mais doloroso devido a essa falta de validação, em que a mulher, muitas vezes, se sente incompreendida".
"É comum que, além da tristeza, venham também sentimentos de vazio, incerteza, insegurança", diz Maciel. O profissional ressalta que, em um momento como esse, é importante o acompanhamento psicológico. "É necessário viver esse processo de luto, mas também prevenir que esse quadro não venha a se prolongar, desencadeando um quadro clínico psicopatológico".
Culpa
Gestantes que sofrem um aborto costumam se responsabilizar pela perda. "A culpa é um dos sentimentos mais comuns no processo do luto de uma forma geral. Mas, no luto da perda gestacional, esse sentimento é ainda mais presente e frequente. Muitas mulheres acreditam que poderiam ter feito algo diferente ou se questionam se fizeram algo para causar essa perda, se foram negligentes", explica o neuropsicólogo.
E não é "só tentar outra vez"? Não é tão simples, pois, ainda de acordo com Maciel, as gestantes que perdem os bebês ficam geralmente assombradas pela experiência. "Elas têm sintomas de ansiedade, medo de tentar engravidar de novo e passar por outra perda, além de tristeza por não realizar o sonho de maternidade ou de ser mãe novamente".
O que fazer
"Para acolher alguém que sofreu um aborto, o principal ponto é a empatia e o respeito ao processo", afirma o neuropsicólogo. "Oferecer uma escuta em que não tenha julgamento ou que invalide a dor dessa mulher. Ou seja, permitir que a mulher possa expressar sua dor, e não minimizar a perda. Muitas vezes nós procuramos falar muitas coisas, mas, às vezes, a presença e a demonstração de acolhimento pode trazer muito mais benefícios".
E o pai? Para Maciel, é preciso que a dor do genitor também seja respeitada. "Além dele também estar vivenciando seu próprio processo de luto - que, muitas vezes, passa despercebido -, ele precisa também expressar suas emoções".
O genitor também pode ajudar para que o casal supere essa dor junto. "Além de estar presente com a companheira, ele pode compartilhar a dor de uma forma ativa, expressando as suas emoções, demonstrando a empatia de quem também está passando por essa perda; oferecer um espaço de acolhimento; respeitar o tempo e necessidades da companheira; buscar e incentivar suporte psicológico. É um período que, embora seja difícil, pode fortalecer o vínculo do casal", conclui o neuropsicólogo.