De volta ao Brasil, Erykah Badu enfeitiça SP com show fresco e exuberante
Em sua quinta visita ao Brasil, a terceira nos últimos cinco anos, a cantora estadunidense Erykah Badu trouxe um show novíssimo — mesmo sem lançar álbum há mais de 10 anos, com exceção da elogiada mixtape "But You Can't Use My Phone", em 2015.
É assim toda vez que a cantora se apresenta — e não foi diferente na noite de quarta-feira (6), na primeira de uma série de apresentações que ela faz no Brasil, no Espaço Unimed, em São Paulo.
Neste fim de semana, ela ainda se apresenta como atração extra do Rock the Mountain, no Rio de Janeiro, e no Afropunk, na Bahia, onde sua obra afrofuturista promete um show histórico.
Faz parte do seu feitiço, aos 53 anos: uma entrega diferente a cada apresentação.
Em São Paulo, Erykah deu uma aula do seu chamado "baduísmo" — que dá nome ao seu álbum de estreia, "Baduizm". Mesmo datado de 1997, sua mistura de soul, R&B e hip hop soa fresca e eletrizante.
É como se Badu fizesse, a cada show, um novo reconhecimento do repertório, alterando cadências, descobrindo novos timbres e batidas nas versões ao vivo.
Mesmo os clássicos que definiram o chamado neo soul, como "Appletree", "Windowseat" e "On and on", sempre presentes em qualquer setlist, soam novas, com introduções mais instigantes, que Erykah tateia lentamente com auxílio de Launchpad, antes de iniciá-las com a voz exuberante e potente.
A banda, sempre numerosa (com backings vocals, DJs, duas baterias e, dessa vez, até com pandeiro), segue a maestrina para burilar o repertório.
Nesta quarta-feira, "Bag Lady", por exemplo, serviu para introduzir "Next Lifetime" numa versão mais suingada. E "Them Changes", cover de Thundercat, que ela tem tocado nos últimos shows, serviu de aquecimento para "Umm Hmm", peça rara pinçada do álbum "New Amerikah Part Two" (2010).
Reconhecida como ícone do Conselho de Fashion Designers da América, alguns dias antes de embarcar para o Brasil, Erykah evocou sua magia musical com o indefectível chapéu e uma camiseta simples do rapper 2Pac.
A apresentação foi tão fluida e eletrizante que ela emendou as músicas em quase duas horas de show, deixando de lado o suspense do bis.
Para o público, foi mais um 'intensivão' de uma artista que não abre mão da liberdade e autenticidade.
Abertura
A volta de Erykah Badu a São Paulo teve um gosto especial. Na sua última passagem pela cidade, no início de 2023, a cantora saiu do palco abruptamente antes da hora.
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Quero receberEm apresentação no Memorial da América Latina, onde há horário limite para o término de shows, seu habitual atraso fez o show perder cinco músicas programadas no setlist (justiça seja feita, Badu atrasou apenas meia hora nesta volta à cidade).
Em 2023, um movimento nas redes sociais questionou a escalação de artistas brancos para abrir sua apresentação.
Dessa vez, o show foi completo e a abertura teve o tom certo de celebração à música feita e conduzida por mulheres pretas, com o DJ set de Lys Ventura e Vivian Marques.
A cantora Luedji Luna abriu os caminhos na sequência, finalizando sua turnê do disco "Bom Mesmo É Estar Debaixo D'água Deluxe". Mostrando que também é cria do caldeirão sonoro de Badu, Luedji brilhou com "Metáfora" e uma versão baile black de seu sucesso, "Banho de Folhas".
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