Rock the Mountain faz desfile de tons da música brasileira de vários tempos
Os acordes tranquilizantes de "Belle du Jour", de Alceu Valença, dão lugar ao groove robusto do ÀTTOOXXÁ, que precede a tradição sambista de Zeca Pagodinho, que antecipa o vigor roqueiro de Pitty, que abre caminho para o batidão sofrente de Pabllo Vittar.
O segundo dia do festival Rock the Mountain, em Itaipava, distrito de Petrópolis (RJ), no sábado (9), é um desfile bonito dos muitos tons da música brasileira de vários tempos.
Realizado desde 2013, o festival junta um público estimado de 20 mil pessoas por dia, ao longo de dois fins de semana. Na primeira rodada, são três dias de evento (8, 9 e 10 de novembro) e depois, mais dois (16 e 17 de novembro). Instalado em um parque público, a paisagem do festival tem morros verdes ao fundo.
Descontada a apresentação da americana Erykah Badu no primeiro dia, um acréscimo posterior ao line-up originalmente apresentado, o Rock the Mountain se garante com uma seleção de artistas totalmente brasileira.
É uma curadoria que busca a variedade, conseguindo agradar a vários públicos enquanto proporciona a possibilidade do fã cinquentão de MPB assimilar a eletrônica-funk da Urias ou de novinhos da geração Z cantarem "Descobri em Você Minha Paz" com o veterano Zeca Pagodinho.
Chuvas intensas na sexta-feira (8) castigaram o terreno do evento. A produtora do festival se esforçou em reparar o solo para o sábado, reduzindo em muito os transtornos que a lama poderia causar. Ainda assim, a galocha acabou sendo o calçado mais indicado para andar tranquilo pelos vários palcos e espaços de dança.
O cronograma do festival foge à lógica comum do line-up que vai crescendo, deixando os maiores artistas para o final. Como forma de incentivar o público a chegar mais cedo, o Rock the Mountain espalha atrações ao longo do dia. O auge de sábado foi, sem dúvida, o show de Pabllo Vittar, que começou às 20h30. Depois da estrela drag, ainda haveria show até quase 1h da manhã.
Dito isso, pareceu injusto que o Grande Encontro, show com Alceu Valença, Elba Ramalho e Geraldo Azevedo, fosse escalado para o meio da tarde.
O resultado é que milhares de pessoas se aglomeravam nas filas de entrada enquanto se ouvia o clássico "Anunciação", de Alceu, reverberando ao fundo. Uma pena já que o trio de veteranos da MPB, celebrando seu álbum conjunto de 1996, fez uma belíssima apresentação.
O grupo ÀTTOOXXÁ trouxe potência rítmica no show seguinte, interpretando hits seus como "Popa da Bunda" e sucessos internacionais como "Get Lucky" (do Daft Punk, em uma versão ótima) e "Uptown Funk" (de Bruno Mars). Infelizmente, a equalização do show deixou a desejar, com volume estridente e agudos de sobra.
Depois, Zeca Pagodinho trouxe uma vibração calorosa de clássicos como "Judia de Mim" e "Bagaço da Laranja" para cantar junto, na sua receita onde a elegância artística encontra a descontração de boteco. Por toda parte do gramado coberto por gente, pessoas cantam alto com sorriso no rosto.
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Quero receberPitty é a próxima atração a fazer a multidão entoar com gosto hits que atravessam os tempos, como "Equalize" e "Admirável Chip Novo". A cantora celebra o poder de juntar pessoas diferentes que um festival de música tem, pedindo depois que se abra uma roda de dança "respeitosa".
Na sequência, Pabllo Vittar proporciona o auge do festival (leia crítica aqui). Quando seu show termina, há uma migração do público para os diversos espaços do evento ou mesmo para a porta de saída.
Atrações seguintes, CPM 22 e Matuê entregam shows de qualidade, mas sem o apelo ecumênico das atrações anteriores.
A última participação nos dois palcos principais do evento fica por conta do produtor de trap e funk Papatinho, em uma espécie de DJ set de produções próprias junto com MC. O baile junta um público considerável. Junta com as pistas com DJs que seguem bombando pelo evento, é um final de celebração de um grande dia de música.
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