OPINIÃO
Melodias pegajosas e atemporais triunfam em show da banda inglesa Keane
Thiago Ney
Colaboração para Splash, em São Paulo
10/11/2024 11h38
Um show de duas horas de duração, com uma multidão cantando sem parar praticamente cada verso de cada uma das mais de 20 músicas tocadas. A apresentação do Keane no Espaço Unimed, em São Paulo, no sábado (9), foi um triunfo de um grupo que sabe como poucos criar melodias pegajosas.
A banda inglesa passou pelo Brasil (houve shows também em Curitiba e no Rio de Janeiro) para celebrar os 20 anos de seu primeiro disco, "Hopes and Fears".
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O Keane já lançou cinco álbuns no total, mas "Hopes and Fears" ainda é o que melhor representa o som emocional, muitas vezes melancólico e introspectivo.
É um tipo de rock que tomou as paradas no início dos anos 2000. O Keane caminhava, ali, em uma calçada que havia sido pavimentada por nomes como Travis e Coldplay (o primeiro já havia lançado quatro discos em 2004; o segundo, dois).
Mas o Keane seguiu por uma trilha própria, graças ao talento de Tom Chaplin (vocal), Tim Rice-Oxley (teclado), Richard Hughes (bateria) e Jesse Quin (baixo) para compor melodias que grudam no ouvido.
Foi o que o animado público paulistano testemunhou desde o início do show, aberto por "Can't Stop Now", a sétima faixa de "Hopes and Fears". Pouco depois, veio "Bend and Break", com versos como "Eu vou te encontrar do outro lado/ Eu vou te encontrar na luz/ Se eu não sufocar/ Eu vou te encontrar pela manhã, quando você acordar", que ganharam uma chuva de papel picado.
Ao vivo, as músicas soam mais encorpadas. Chaplin tem uma voz quente e os músicos desenrolam as canções com uma bela sofisticação rítmica.
Além das faixas de "Hopes and Fears", a banda mostra hits de outros álbuns, como a agitada "Is It Any Wonder?", de "Under the Iron Sea" (2006).
"You Are Young", do disco "Strangeland" (2012), faz bela companhia à canção que vem logo em seguida, "Everybody's Changing", um dos maiores sucessos do disco que completa duas décadas. "Tão pouco tempo/ Tente entender que estou / Tentando me mexer só para me manter no jogo/ Eu tento ficar acordado e lembrar meu nome/ Mas todo mundo está mudando, e eu não me sinto o mesmo", diz a letra desta música que parece não ter adquirido nenhuma ruga.
Simpática, a banda incluiu no show "The Frog Prince", em homenagem ao fã-clube brasileiro The Frog Prince Squad, que estava presente no Espaço Unimed.
"This Is the Last Time" e "Somewhere Only We Know", dois dos grandes hits de "Hopes and Fears", aparecem na parte final do show. Esta última é acompanhada em coro pelo público.
O bis foi aberto por "Disconnected", seguida por "We Might as Well Be Strangers" e "Sovereign Light Café".
Em seguida, entrou uma que não estava no setlist: "Under Pressure", clássico de Queen e David Bowie, em uma versão bem decente.
O show foi encerrado por "Bedshaped", faixa que também finaliza "Hopes and Fears". Simboliza o sucesso não apenas de um disco que tocou tanta gente mas de um show que mostra por que o Keane ainda é tão amado pelo mundo.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL