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OPINIÃO

Rock the Mountain: Pabllo Vittar une apuro técnico e batidões incendiários

A perfomance de Pabllo Vittar esquentou a noite fria da serra fluminense no sábado (9), no Rock the Mountain Imagem: Jorge Porci/Divulgação

Camilo Rocha

Colaboração para Splash, em Petrópolis (RJ)

10/11/2024 12h05

Um homem faz careta enquanto estrangula as cordas de sua guitarra no palco do festival Rock the Mountain. A cena não era um momento do show do CPM 22, mas sim um solo do guitarrista da banda de Pabllo Vittar. Prova de que o show de uma das maiores artistas do país hoje pode ser muitas coisas: sofrência, fervo, brega, dance, forró, pop e até mesmo rock.

Ligando tudo está a energia meteórica de Pabllo, uma bola de fogo que preenche uma hora e pouco de show com mais de 20 músicas, encadeadas sem muito tempo para respiro ou conversa. "Sai do chão!", ela ordena em vários momentos da apresentação, logo antes de mais um bombardeio de ritmo frenético.

O show faz parte da turnê do último álbum de Pabllo, "Batidão Tropical Vol. 2", lançado em 2024. Cerca de metade do repertório da apresentação é composta de faixas desse trabalho. O disco é uma homenagem a um cancioneiro de músicas que marcaram a vida da artista, entre clássicos do tecnobrega, brega e forró.

Com o álbum, Pabllo introduz esse legado riquíssimo para novos públicos. É assim que uma música como "Não Desligue o Telefone", sucesso dos anos 2000 da banda baiana de tecnobrega Djavú, que ganha roupagem turbinada com Vittar, chacoalha a audiência sudestina descolada do Rock the Mountain. Ou "Ultra Som", da banda paraense Ravelly, que vira uma avalanche de peso quase rock no show de Pabllo.

"Pede pra eu Ficar", versão forró de um hit da banda pop sueca Roxette, resgata uma referência afetiva bem mais ampla, só que com o clima épico do original europeu re-imaginado para um chão de dança tropical e dengoso.

Para além do último trabalho, o show traz interpretações intensas tanto de consagradas da obra da artista, como "Amor de Que", de 2020, como do sucesso recente "Alibi", parceria de Pabllo com a cantora iraniana Sevdaliza.

Pabllo Vittar canta na noite de sábado (9) no festival Rock the Mountain 2024 Imagem: Jorge Porci/Divulgação

Mas, como tanto do repertório e raízes celebradas por Pabllo, a animação tem retrogosto de lágrimas (como diz um dos destaques do álbum e do show, "Triste com T"). Se os ritmos são de festa, as letras falam muito de decepção e saudade. É desabafo terapêutico pela dança, onde frustrações do amor são cantadas por milhares de pessoas com os braços para cima.

Pabllo é soberana no palco, com comando preciso de dança, movimentos e das possibilidades de sua voz. O time de dançarinos que a acompanha impressiona pela criatividade das coreografias e nível de performance.

Pouco mais de um ano depois de começar a se apresentar com banda, depois de muita provocação de fãs, o show de Pabllo se tornou um espetáculo de alto nível de competência técnica e arrebatamento emocional. É um show que precisa ser visto, uma energia que põe para dialogar vários Brasis sob um batidão incendiário.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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