Grammy Latino: brasileiros saem de mãos vazias nas principais categorias
O Grammy Latino chegou à sua 25ª edição, em Miami, nos EUA, nesta quinta-feira (14), consagrando o dominicano Juan Luis Guerra, com os prêmios de Álbum do Ano, por "Radio Güira", e Gravação do Ano, por "Mambo 23", e o uruguaio Jorge Drexler, vencedor de melhor Música, com a bela "Derrumbe".
No entanto, não foi uma boa noite para os artistas brasileiros, que tiveram pouco espaço no palco da cerimônia e perderam nas principais categorias.
Anitta foi a única brasileira que se apresentou na premiação, mostrando uma versão acústica de seu hit "Mil Veces", que havia sido indicado também à categoria Gravação do Ano, acompanhada de Tiago Iorc ao violão. Na sequência, os dois emendaram homenagem a Sergio Mendes, o embaixador da música brasileira nos EUA, morto em setembro deste ano, e cantaram o sucesso "Mas Que Nada".
Com o álbum "Xande Canta Caetano", Xande de Pilares — que já tinha ganhado o prêmio de Melhor Álbum de Samba/Pagode na première da cerimônia — foi o único brasileiro a concorrer em Álbum do Ano, mas foi desbancado na categoria por Juan Luis Guerra.
Representado por Cacá Magalhães e Os Garotin, o Brasil também perdeu em Revelação para Ela Taubert, nova voz do pop colombiano.
Ao menos nas prévias da premiação principal, os brasileiros Jota.Pê, Ana Castela, Lulu Santos, Xamã, Gabriel o Pensador, Xande, Mestrinho, Mariana Aydar, Hamilton de Holanda, Os Garotin, além de Erasmo Carlos, postumamente, já haviam garantido seus gramofones.
Foi uma festa essencialmente feita por latinos para latinos, praticamente toda cantada e falada em espanhol. Contou com a presença de poucos 'intrusos', como ídolo norte-americano Jon Bon Jovi.
Ele foi incumbido de entregar o prêmio de personalidade do ano para o cantor colombiano Carlos Vives, sob o pretexto de se conectar com plateias latinas em suas turnês pela América Latina, e que depois participou de um número musical, no mínimo, inusitado, com o rapper Pitbull, cantando "It's My Life".
Entre os destaques latinos, o furacão colombiano Karol G levou o prêmio de Álbum de Música Urbana, por "Mañana Será Bonito (Bichota Season)"; o porto-riquenho Draco Rosa, ex-Menudo que se tornou renomado produtor, venceu em Álbum de Pop/Rock, com "Reflejos de lo Eterno"; e o também porto-riquenho Luis Fonsi, que fez um grande sucesso "Despacito", conquistou o troféu de Álbum Vocal de Pop, com "El Viaje".
Muitos ritmos e vozes representados por artistas de diversos países, da Argentina ao México. É interessante observar como essa diversidade de talentos em idioma espanhol têm pouca entrada no mercado brasileiro.
Historicamente, existe uma barreira entre Brasil e América Latina quando o assunto é música. São raras as vezes que um artista de um lado ou outro consegue furar essa bolha.
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Quero receberO público brasileiro tradicionalmente conhece pouco os artistas latinos, mesmo que sejam de países vizinhos — e a recíproca é verdadeira. Já do ponto de vista artístico, brasileiros e artistas de língua espanhola se aproximam com mais frequência, em intercâmbios e feats musicais.
Seguindo a tradição de reverenciar a comunidade latina da música, de língua espanhola e portuguesa, o Grammy Latino tem sua importância, mas é muito nichado e não tem o mesmo peso do Grammy, o original, que reconhece os melhores da música mundial.
O Grammy Latino não é recebido com a mesma atenção pela imprensa mundial especializada como o Grammy, assim como não há o mesmo frisson entre os fãs para acompanhar a cerimônia voltada aos latinos. Diferentemente do que acontece com os artistas brasileiros, que dão grande valor ao prêmio. Parece só ser importante para eles.
Isso se deve também a um fato prático: os brasileiros têm maior chance de serem premiados no Grammy Latino, porque há várias categorias voltadas exclusivamente para trabalhos em língua portuguesa. Neste ano, o Brasil foi representado por 92 artistas concorrentes, representando a maior delegação brasileira na história da premiação. Mas, no final das contas, isso não se reverteu em prêmios.
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