'Os Quatro da Candelária' rompe bolha social ao narrar chacina, diz diretor
Colaboração para Splash, em São Paulo
15/11/2024 19h00
A chacina que marcou o Rio de Janeiro e chocou o Brasil em 1993 se torna ficção na Netflix, em uma produção que mistura os universos fantástico e real com referências próprias do diretor.
Em "Os Quatro da Candelária", o espectador acompanha, em quatro episódios, a chacina pelos olhos de jovens que simulam os oito mortos na tragédia. "Reflete não só o Brasil de 1993, mas o Brasil de hoje: como esses crimes continuam acontecendo e crianças continuam vivendo nessa situação. Que futuro elas esperam?", questiona Vitor Búrigo.
Segundo o ator Leandro Santana, que está no projeto, a série retrata a "infância roubada" tanto daqueles que morreram, quanto dos que sobrevivem sob essa realidade.
É um projeto que aborda uma dessas tragédias sociais e raciais do Brasil por um viés ainda mais comovente e emocionante —e talvez por isso a série tenha se tornado um fenômeno. A abordagem, o recorte, reflete sobre as infâncias roubadas, sonhos perdidos e as possibilidades de futuro que essas crianças tinham e foram destruídas. Leandro Santana
O diretor Luis Lomenha afirma que o filme rompe uma bolha social, atingindo os lares de periferias. "A série foi pensada para ser recebida pelo público pelo qual está sendo. Quando começamos o processo de desenvolvimento, pensamos em como chegaríamos no povo, como romperíamos a bolha de quem está acostumado a consumir esse tipo de conteúdo".
Para narrar a chacina, ele escolheu misturar os universos fantástico e real com referências próprias, já que sua própria família chegou a ser vítima dessa violência racial e social. "O sonho é comum a todos nós seres humanos", explica. "Construir a narrativa a partir dos sonhos sempre foi nossa premissa inicial (...) e retratamos uma fantasia muito latino-americana, palpável e real. Não é impossível sonhar com o que os personagens sonham".
Por conta de sua escolha narrativa, o diretor chegou a ser elogiado por um policial. "O mais difícil é atingir o povo, e umas das mensagens que recebi e mais gostei foi de um policial dizendo 'obrigada por ter tido coragem de diferenciar polícia de milícia'", conta. "Foi muito gratificante e o maior feito da série".
Mix Brasil volta com programação consistente e Marcos Pigossi 'internacional'
Mix Brasil, o maior festival de cinema LGBT+ da América Latina, volta para sua 32ª edição com destaques nacionais e internacionais. Este ano, o festival é sediado em São Paulo e acontece entre 13 e 24 de novembro.
Com gêneros que vão da comédia ao terror, o evento procura trazer não só "filmes temáticos", mas também autores da comunidade. "Tem uma programação muito consistente mesmo", defende Flávia Guerra no Plano Geral. "Não é um festival só para quem é LGBTQ+; é para todo mundo".
Na programação estão o premiado "Baby" (Marcelo Caetano) e "Maré Alta" (Marco Calvani), com Marcos Pigossi, que ganhou as telas do mundo. No drama romântico, Marcos vive um imigrante nos EUA em uma jornada de amor e acolhimento longe de casa. "Esse filme já passou em outros festivais internacionais", explica Vitor Búrigo. "É muito legal ver mais um talento brasileiro se destacando internacionalmentel".
Flávia afirma que o Brasil tem atualmente uma boa safra de atores "exportados", como Alice Braga, Fernanda Torres e Wagner Moura. "Projeção, temos", diz.
- Apresentado por Flavia Guerra e Vitor Búrigo, Plano Geral é exibido às quartas-feiras, às 11h, no canal de Splash no YouTube e na home do UOL, com as principais notícias sobre cinema e streaming. Você pode ainda ouvi-lo no Spotify, Apple Podcasts e Google Podcasts.