Coleção completa da Playboy está à venda por R$ 73 mil; veja mais valiosas
De Splash, em São Paulo
18/11/2024 05h30
Lucas Hit, 39, colocou à venda as 497 edições da revista Playboy lançadas no Brasil de agosto de 1975 até dezembro de 2017.
Os interessados precisam desembolsar "apenas" R$ 73 mil, que dão direito a outros itens raríssimos, como 68 edições especiais, algumas edições extraoficiais e suplementos das edições regulares, totalizando 915 itens.
Há quatro anos, Lucas deixou a carreira de consultor de moda para se dedicar exclusivamente ao Sebo do Hit, sediado em Piúma (ES), onde vende parte de sua coleção de revistas masculinas.
Como as Playboys foram avaliadas
Em quatro anos, ele já vendeu 5 mil revistas. A coleção da Playboy à venda na internet não é a sua — trata-se de um lote que veio de um amigo colecionador que vive em São Paulo e reunia as revistas há 35 anos. O dono da sebo está apenas servindo como intermediador para o negócio.
Depois de vender milhares de revistas, Lucas afirma já ter experiência suficiente para avaliar o quão preciosas as edições são, sabendo o quanto elas são procuradas.
"Ele queria vender, não tinha os contatos e eu tenho o sebo. Então peguei essa coleção inteira dele, ele mandou todas essas revistas aqui para o Espírito Santo. Fiz toda a avaliação sozinho. Levo em conta a conservação da revista, como é que está a capa, se não tem amassado, não tem avaria, não tem adesivo colado. Além da data de lançamento e qual a estrela da capa", explica.
E quais são as edições mais especiais da coleção?
Xuxa: "É impossível não ser citada porque é a Playboy mais famosa do Brasil. Ela é vendida hoje, em boas condições, entre R$ 1 mil e R$ 2 mil."
Revista n°1: "A edição número 1 da Playboy, que ainda se chamava Revista do Homem, por ser uma revista de agosto de 1975, é muito rara, ainda mais bem conservada."
O lote ainda conta com duas revistas "extraoficiais", que não foram lançadas na banca e, por isso mesmo, são raríssimas.
Vera Fischer: "Ela foi capa em janeiro de 2000. A editora fez uma capa especial em preto e branco, sem chamadas, bem requintada, que a Playboy enviou apenas para quem estava patrocinando a revista no ano anterior."
Coelhinha da Playboy: "A última edição publicada pela Playboy, em dezembro de 2017, teve cinco coelhinhas na capa. Uma delas, chamada Katieli, da Bahia, pediu para fazer uma capa exclusiva dela, que ela levou para um evento lá, acho que do Bahia, o time. Ela fez 300 exemplares e esse lote tem um deles."
Capa de Cleo é item raro que falta na coleção
Apesar de destacar as qualidades da coleção à venda, Lucas admite que uma edição muito rara da revista não está entre as disponíveis: uma capa extraoficial de Cleo Pires, lançada em agosto de 2010, que consegue valores muito maiores se vendida sozinha.
Era capa dura, sem chamadas, chiquérrima. Foram 100 exemplares presenteados para a equipe que trabalhou na produção de fotos e da revista em si. Então é ainda mais rara que a da Vera Fischer. Eu tinha duas. Uma foi vendida em 2020, por R$ 5 mil. Outra no início deste ano, por R$ 26.750. Sim, é uma coisa louca, porque ela sozinha vale tudo isso. Também já vendi uma da Luma de Oliveira, tirada em Hong Kong, por R$ 3.500, e a da Vera Fischer, capa preto e branca, por R$ 2.500. Essas foram as mais caras. Lucas Hit
Coleção começou graças à musa "número 1": Galisteu
Ao lembrar o início de sua coleção, Lucas comenta que o hábito de comprar revistas começou aos 13 anos, como parte de sua paixão por leitura.
Ele frequentava a biblioteca da escola e, durante uma de suas andanças, encontrou uma caixa cheia de revistas "mais sérias", de notícias cotidianas.
"Me interessou muito, porque, em comparação com os livros, eu achei que elas me davam mais informação. Foi nesse momento que eu troquei os livros por revistas. Logo apareceram outros modelos como a Caras e descobri que tudo que envolvia celebridades, cinema, novela, famosas, fazia meu olho brilhar ainda mais", relembrou.
Foi nessa época, antes da coleção de revistas adultas, que Lucas "elegeu" sua primeira e maior musa: Adriane Galisteu, de quem ele é fã até hoje, 26 anos depois.
O capixaba começou a procurar mais edições que estrelassem a modelo e chegou até a Playboy — Galisteu foi capa da revista em 1995. Foi a primeira de muitas revistas do mesmo segmento.
"Os anos 90 foram dela, né. E 98 foi o ano em que Adriane casou com o Roberto Justus, o que não faltava eram revistas com ela. Eu juntava as revistas para ter as fotos e em muito pouco tempo já tinha muitas guardadas assim", conta.
Questionado sobre outras "musas" favoritas — destacando que ninguém se equipara a Galisteu — Lucas se diz um "noventista".
"No final dos anos 90, eu já era um adolescente, consumia muito a TV e as revistas, então não posso deixar de mencionar o impacto do axé. Carla Pérez, Sheila Carvalho e Sheila Mello foram realmente musas da Playboy que são muito inesquecíveis para mim. A Feiticeira também, a edição dela de agosto de 2000, foi uma das primeiras que eu comprei. E lógico, falando da história da Playboy, eu tenho muita paixão pela Luma de Oliveira, nem falando por mim, mas ela é a maior musa da história da Playboy. Não tem discussão", diz ele.
Hobby virou trabalho durante a pandemia
Em 2020, se dividindo entre Rondônia e o Acre em um emprego na área da moda, Lucas acabou se desentendendo com os chefes.
Infeliz com a situação, ele se demitiu e voltou para sua terra natal. Mas, sem dinheiro para pagar as contas e em meio à pandemia de covid-19, decidiu vender algumas das revistas que tinha, como uma fonte de renda.
"Decidi voltar pro Espírito Santo no auge da pandemia, não tinha nada aberto, e foi a solução que eu tive para ganhar dinheiro e me sustentar, porque sempre fui independente. Pensei: 'vou abrir mão da minha coleção'. Tinha muitas revistas masculinas, que eram as que eu mais gostava, e também muita revista de moda."
Apesar de ter começado por "desespero", como ele mesmo diz, Lucas se animou ao ver o sucesso do negócio — que é mantido online, com o acervo estocado em sua casa.
"Hoje, eu tenho disponível para venda mais de seis mil revistas. Isso sem contar essa coleção completa da Playboy. Mas eu já vendi nesses quatro anos mais de cinco mil revistas. Aqui em casa só não tem revista dentro do banheiro. Porque tem revista na cozinha, na sala, no quarto, todos os lugares."
No dia a dia, para ajudar a manter o bom estado das revistas, o colecionador afirma que os cuidados são mínimos — até pela falta de espaço em seu apartamento.
"Todas as revistas estão expostas. A única coisa de conservação que eu faço, como eu mexo nelas com frequência, é depois que eu vendo. Antes de fazer o pacote, eu limpo, desamasso, tiro a poeira e algumas manchinhas."