Com Andréa Beltrão, Avenida Beira-Mar aborda afeto e gênero na adolescência
"Avenida Beira-Mar", primeiro longa-metragem dirigido por Maju de Paiva e Bernardo Florim, aborda afeto e transgeneridade na adolescência. Longa com Andréa Beltrão e Isabel Teixeira chega aos cinemas nesta quinta-feira (21).
Amizade guia o longa
O filme parte da amizade entre Rebeca (Milena Pinheiro) e Mika (Milena Gerassi), duas meninas de 13 anos que se tornam inseparáveis. Andréa Beltrão e Isabel Teixeira dão vida a Marta e Viviane, mães de Rebeca e Mika, respectivamente. Rebeca, filha de pais separados, muda-se com sua mãe para o bairro de Piratininga, na costa de Niterói. Já Mika, uma menina trans da mesma idade, mora no bairro vizinho, Tibau. Ela se veste com as roupas da irmã mais velha, que já não reside mais com ela, e seus pais não a aceitam da maneira que é.
O mais importante é o encontro das duas amigas, é o que move a história. Vai para lá, vai para cá, encontros e desencontros, acertos e desacertos. A história das duas é muito bonita. Em relação ao roteiro, fiquei encantada com a simplicidade, com uma certa secura na hora de escrever os diálogos e a descrição das cenas. Uma coisa muito precisa, não esparramada, não melodramática. Não é um roteiro que se exibe. Tem rigor cinematográfico muito interessante. Andréa Beltrão
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As meninas se conhecem e as diferenças que poderiam tornar-se um abismo, acabam selando a cumplicidade entre as duas protagonistas, mas os adultos não veem com bons olhos essa amizade. Esse será o gatilho para uma série de ações extremas que impactarão a vida das crianças e dos adultos em "Avenida Beira-Mar". "Adorei ter sido convidada por dois diretores com quem nunca tinha trabalhado. Fico sempre muito empolgada quando isso acontece", prosseguiu Andréa em conversa com Splash durante as gravações em Niterói, ainda em 2023.
A Marta é uma mulher que trabalha, está passando por um tratamento, está se curando de uma doença grave e tem uma filha adolescente. A Marta é uma personagem que fica como um porto seguro para as duas meninas, até que em um momento do filme elas se encaixam as três. É uma história tocante e sincera, que fala de coisas muito importantes da nossa vida: respeito, amor, afeto, de correspondência, o amor entre pessoas diferentes. Fala muito sobre mudanças que a gente está vivendo. Ainda bem. Andrea Beltrão
Temas sensíveis
"Avenida Beira-Mar" traz temas sensíveis, em especial, para uma parcela mais conservadora da população. Os diretores, Maju de Paiva e Bernardo Florim, porém, acreditam que o filme não apresenta barreiras, pois se conecta a pessoas com mensagens universais.
Esse é um filme, sobretudo, sobre a amizade de duas meninas e a relação entre mães e filhas. Vai além da temática [LGBTQIA+]. Traz temas muito comuns a todos nós. A gente não está aqui para educar as pessoas, para dar uma lição de moral nas pessoas... Tem um elenco incrível. Impossível alguém não criar empatia com os nossos personagens. Maju de Paiva
O filme vai pelo caminho da emoção. A gente não apresenta os personagens enrolados numa bandeira que poderia causar repulsa em determinada parcela do público. A gente vai pelo que os personagens têm de empáticos com todo mundo, como a amizade. As protagonistas têm 13 anos, então, elas têm uma jornada de aventuras pelo bairro que é muito gostosa de ver. Bernardo Florim
Os diretores defendem que os personagens não são dicotômicos. "Mesmo aqueles personagens que têm atitudes negativas, você consegue entender o lado deles", disse Bernardo a Splash. "Na vida, não existe vilão, são pessoas que cometem erros o tempo inteiro", completou Maju.