Resistência e celebração: Boogie Week faz de SP um quilombo contemporâneo
Em uma data histórica para o Brasil, o Boogie Week transformou São Paulo no epicentro da celebração da cultura negra. No primeiro Dia da Consciência Negra reconhecido como feriado nacional, o festival liderado por Eliane Dias, da Boogie Naipe, foi além de um evento cultural: consolidou-se como um manifesto de resistência, empreendedorismo e valorização da herança afro-brasileira.
Afro-brasilidade em múltiplas expressões
Realizado no Centro Cultural Tendal da Lapa, o Boogie Week trouxe uma programação que pulsou com arte, música, dança e educação. Destaque para o Boogie Empreende, espaço que deu visibilidade a marcas pretas e periféricas, reafirmando o papel do empreendedorismo como motor de inclusão e transformação social.
A advogada e empresária Eliane Dias enfatizou o caráter coletivo do evento. Segundo ela, a dedicação de toda a equipe veio de dentro da suas almas, colocando o comprometimento com a característica principal na organização deste evento.
Palestras e protagonismo negro
Os debates marcaram um ponto alto, conectando educação e representatividade. A economista Gabriela Chaves destacou a importância de ferramentas financeiras no combate ao racismo estrutural, enquanto Ana Paulino, da Warner Music, trouxe reflexões sobre o papel das mulheres negras no mercado musical.
Para a cantora MC Luanna, o Boogie Week é mais que um evento. "Mostra o quanto que nós mulheres sempre lideramos as situações ao nosso redor. Eu também tive que cuidar da minha carreira pra sobreviver, acho fundamental ter programações culturais como a Boogie para fortalecermos isso."
Homenagens e a força do rap nacional
O momento mais emocionante ficou para o show dos Racionais MC's, que celebraram 35 anos de trajetória com uma performance icônica. Antes, o festival entregou o Prêmio Griô a nomes como Leci Brandão e Nelson Triunfo, reconhecendo suas contribuições para a cultura negra. "Agradecer ao rap por sempre me receber tão bem. Fico muito feliz e honrada".
Inovação e caminhos para o futuro
No encerramento, a Boogie Week invadiu o Google Brasil com o Summit Caminhos Possíveis, abordando temas como representatividade na tecnologia e educação. O designer Samuel Gomes emocionou ao compartilhar sua jornada enquanto homem negro e LGBTQI+, enquanto a educadora Bárbara Carine destacou a importância da leitura como ferramenta de transformação.
Entendi que era negra adquirindo senso de comunidade aos 15 anos, começando a descobrir construções feita pela pessoas pretas e a riqueza material e imaterial do berço mãe da humanidade continente africano. Bárbara Carine
Um legado de união e transformação
Mais do que um festival, a Boogie Week reafirmou seu papel como catalisador de mudanças. "Estar aqui, em um evento como esse, é profundamente importante para que nós, pessoas pretas, possamos nos enxergar como uma potência", afirma o educador Samuel Gomes, que apresentou um pouco de sua história no evento.
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