Felipe Neto provoca Bolsonaro após isenção milionária: 'Foi ele quem deu'
Colaboração para Splash, em São Paulo
03/12/2024 17h41
Felipe Neto rebateu Jair Bolsonaro (PL) após o ex-presidente provocá-lo com uma cena em que o influenciador aparece abraçado à namorada, Juliane Carvalho, durante a final da Taça Libertadores, no sábado (30), na Argentina.
O que aconteceu
Bolsonaro repostou nas redes sociais vídeo de Neto e Carvalho durante a partida. Na legenda da publicação repercutida pelo ex-presidente, está escrito: "Quantos bilhões de isenção fiscal essa cena linda merece?".
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Neto reagiu ao post de Bolsonaro em tom de provocação. "Galera, estou alugando um triplex que possuo dentro da mente do ex-presidente inelegível", escreveu o youtuber.
Em seguida, Felipe afirmou que a isenção milionária obtida por uma de suas empresas foi concedida pelo próprio Bolsonaro. "Detalhe: quem deu a isenção fiscal para uma das minhas empresas foi o próprio governo Bolsonaro".
Entenda a treta
Ao alfinetar Felipe Neto, Bolsonaro fez menção à isenção milionária que a Play9, uma das empresas do youtuber, obteve do Governo Federal. No total, a Play9 obteve benefício fiscal de R$ 14,3 milhões entre janeiro e setembro de 2024 por meio do Perse (Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos), que foi criado pelo governo Bolsonaro durante a pandemia de covid-19. Os dados foram divulgados no mês passado pela Receita Federal.
Diversos famosos foram beneficiados com o Perse. Gusttavo Lima, que é apoiador declarado de Bolsonaro, conseguiu isenção de R$ 18,9 milhões em isenções somente neste ano por meio da Balada Eventos e Produções Ltda. Outra empresa do sertanejo, a Balada Bilheteria Digital Ltda, também conseguiu R$ 1.984,514 em benefícios.
Leonardo, que também é bolsonarista, foi outra personalidade que obteve isenção milionária graças ao Perse. O sertanejo conseguiu benefício de R$ 6 milhões na Talismã Administradora de Shows e Editora Musical Ltda, e mais R$ 2,6 milhões pela Talismã Digital - Agenciamento, Marketing e Publicidade Ltda.
Outros famosos beneficiados com o Perse foram: Virgínia Fonseca, Luisa Sonza, Simone Mendes, Eduardo Costa, Luísa Sonza, Bruno Gagliasso e Ludmilla.
O que dizem os famosos
Apenas Felipe Neto e Gusttavo Lima se manifestaram publicamente sobre terem suas empresas na lista de beneficiadas do Perse. As demais personalidades não quiseram comentar.
Felipe Neto explicou que é sócio minoritário, "sem participação na gestão financeira" da Play9. Ele ressaltou que é sócio majoritário da Netolab e que esta empresa, embora se enquadre no programa, e tenha "direito a milhões em isenções fiscais, eu recusei e segui pagando 100% dos impostos". "Fiz isso porque a Netolab não tinha sido prejudicada pela pandemia. Foi nesse período que meu canal [no YouTube] estourou todos os recordes de acessos", afirmou.
Em nota, Lima justificou que a Balada Eventos "está dentro das regras fiscais do Perse". Ele disse que a divulgação da lista de empresas beneficiadas pelo programa no site é de "suma importância, pois reflete a transparência e compromisso do Governo em cumprir o regramento do Perse".
O que é o Perse
O Perse é um programa criado pelo governo federal em 2021, na gestão de Jair Bolsonaro, para apoiar o setor de eventos durante a pandemia de covid-19. O programa concede incentivos fiscais, auxílio financeiro e outras formas de suporte para promover a recuperação econômica de empresas e profissionais da área de evento.
Para terem acesso ao Perse, as empresas devem, obrigatoriamente, ter se habilitado legalmente. Na prática, o programa garante a redução das alíquotas a 0%, pelo prazo de 60 meses, para os tributos incidentes sobre as receitas e os resultados obtidos nas atividades do setor de eventos.
Tem direito ao programa empresas que atuam, entre outros, no segmento de restaurantes, agências de viagens, filmagem de festas e eventos, produções de espetáculos e promoção de eventos esportivos. Vale ressaltar que solicitar o benefício não é ilegal, desde que cumpridos os requisitos legais e todos os prazos e exigências do programa.
No total, empresas do setor deixaram de pagar R$ 9,6 bilhões em impostos entre os meses de janeiro e agosto de 2024, segundo a Receita. Esse valor foi suprido por impostos pagos pela sociedade. Foram habilitadas a usufruir do benefício fiscal 11.877 empresas, uma redução em relação a 2023, quando foram habilitadas 16.181 empresas.