'Chorei muito': Palomma Duarte supera trauma para fazer 'Garota do Momento'
Bruno Silvano
Colaboração para Splash, em São Paulo
08/12/2024 12h00
O ano de 2024 foi um ponto alto na vida profissional de Palomma Duarte. Após viver Silvia, no melodrama "Pedaço de Mim" (Netflix), a atriz está no ar como a cantora Lígia em "Garota do Momento" (Globo). Em entrevista exclusiva para Splash, ela conta que a preparação para o atual trabalho não foi tão fácil assim.
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A dificuldade para cantar
Na novela das seis, que se passa em 1958, Lígia é uma cantora. Ela abriu mão de uma vida tradicional, cuidando do marido e dos três filhos, para ir atrás de seus sonhos. Apesar disso, tenta manter uma relação com família, mas sofre com a rejeição de Beto (Pedro Novaes), Ronaldo (João Vitor Silva) e Celeste (Débora Ozório).
A gente pode esperar, com certeza, muito drama, muita ladeira abaixo daqui para frente. Sem dúvida nenhuma, quando ela foi embora, deve ter deixado sequelas em todos os filhos, mas, ao mesmo tempo, esses filhos cresceram, são adultos, hoje, em algum momento, eles vão ter que se reencontrar e se olhar de igual para igual. Palomma Duarte
Na novela, Lígia se apresenta em uma boate em Copacabana e a voz que escutamos ao ouvi-la é realmente de Palomma Duarte. Porém, a atriz não se considera uma cantora e rapidamente responde ao ser questionada sobre isso: "Eu não sou cantora, vamos deixar isso muito claro".
Duarte passou por aulas de canto para desenvolver essa habilidade, mas demonstra muito respeito pela profissão para se considerar uma cantora profissional. Apesar disso, toparia publicar as músicas gravadas para a personagem em plataformas de áudio: "Eu tenho, hoje, se não me engano, 12 canções gravadas. Acho que tinha que ter, tinha que fazer o Spotify da Lígia. Elas [as fãs] pedem muito".
Como não é uma cantora, ela achou que não daria conta de interpretar Lígia. Ao ser convidada pela autora Alessandra Poggi, a primeira informação que teve era que precisaria cantar. "Eu falei não. E foi um não sério. Eu não canto nem no chuveiro. Eu não canto 'parabéns pra você' em festa de criança. Eu não canto, eu só mexo a boca.".
Convencida pela autora, que a queria muito no papel, a artista foi atrás de uma professora de canto. A partir daí começou uma etapa difícil na vida profissional de Palomma: superar o trauma de sua voz.
Eu chorei, chorei bastante. Acho que estava saindo ali muitas décadas de repressão, de timidez, talvez de baixa autoestima, porque eu sempre tive uma questão com a minha voz. Palomma Duarte
Hoje em dia, enfrentando o trauma, ela acredita que a coragem veio com a idade. "Quando amadurecemos, a gente fala: 'não fiz isso até hoje, deixa eu tentar dar uma melhorada'."
A relação com as fãs da comunidade LGBTQIAP+
"Axé, venham todas". É essa a primeira reação de Palomma ao ser questionada sobre suas fãs da comunidade LGBTQIAP+. "Elas são as melhores do mundo".
Na novela "Além da Ilusão" (Globo), exibida em 2022, Palomma Duarte e Malu Galli viviam as irmãs Heloísa e Violeta, personagens que criaram uma grande comunidade de fãs. Apesar de considerar Malu uma de suas melhores amigas, Palomma lembra que suas fãs não são as mesmas, e às vezes brigam nas redes sociais, o que não faz o menor sentido para as duas atrizes. "Eu e a Malu, a gente vive de amor, de gargalhada, do prazer de estar junto".
Por causa disso, Palomma precisa se posicionar nas redes e dar broncas nas fãs, ou 'rajadão', como as meninas chamam seus puxões de orelha. "Tenho uma relação muito difícil com o Twitter e é em respeito ao público que apareço por lá. Já falei, 'caramba, vocês vão brigar, vocês vão destruir a único coisa boa que a gente tem aqui por bobagem?'. De vez em quando, sai um 'rajadão' enorme", relata a atriz enquanto se alegra ao falar sobre as fãs.
Apesar de dar broncas e ser chamada de "figura materna" nos memes, Palomma não se coloca numa posição de "mãe" em relação à comunidade LGBTQIAP+. A atriz trata o assunto sempre com muito cuidado, já que também é uma mulher bissexual. "Apesar de ser bissexual esse não é um traço pelo qual eu seja reconhecida fora da minha bolha. E aceitar o título de 'mãe' poderia soar como uma tentativa de lacrar dentro da comunidade e não é esse o caso. Minha imagem não é associada à minha sexualidade, entende? E a minha sexualidade não me define como indivíduo, pois sou branca e privilegiada".
Mas um vetor sempre me chama a atenção, a bissexualidade sempre enfrenta alguma dialética e até resistência quando o indivíduo que a vive passa muitos anos em uma mesma relação com o gênero oposto. O que não faz o menor sentido, pois isso trai o próprio conceito do termo, mas infelizmente acontece. Mas na minha bolha em redes sociais, me sinto à vontade, brincamos com alegria e liberdade.