Por que Michael Schumacher não compareceu ao enterro de Ayrton Senna?
Michael Schumacher não compareceu ao funeral de Ayrton Senna por medo de ser agredido. Em 15 de maio de 1994, o alemão disse que temia ser hostilizado no Brasil após a morte do ídolo.
O que aconteceu
Não viajei ao Brasil para o enterro de Ayrton Senna em São Paulo porque tinha medo de que algum fanático, entre o milhão e meio de pessoas que foram ao velório, me agredisse, pondo em mim alguma culpa pela morte.
Michael Schumacher, em entrevista concedida em Mônaco
Alemão era o principal adversário de Ayrton Senna naquele ano. A série da Netflix retrata em detalhes os embates contra Alain Prost, mas Schumacher era o grande rival naquele campeonato. Ele venceu a corrida que marcou o trágico acidente em Ímola e, ao fim da temporada, conquistou o primeiro dos seus sete títulos na F1.
Schumacher e Senna tiveram atritos dentro e fora das pistas. Houve acusações contra a equipe do alemão, a Benetton, que teria usado dispositivos eletrônicos que eram proibidos em 1994.
O fato de não ter viajado ao Brasil não quer dizer que eu não tenha ficado comovido. Apesar de Senna e eu não sermos ótimos amigos, éramos colegas e nos dávamos bem.
Michael Schumacher
Ayrton Senna foi velado por dois dias e o cortejo levou milhares às ruas de São Paulo. O ídolo foi sepultado no Cemitério do Morumbi, na zona sul da cidade. A série da Netflix, porém, não reconstituiu o velório do piloto.
Enterro teve presença de pilotos. Alain Prost, Gergard Berger, Damon Hill, Michele Alboreto, Thierry Boutsen, Johnny Herbert, Derek Warwick, Emerson Fittipaldi e Rubens Barrichello foram alguns dos nomes que estiveram no sepultamento de Senna.
Morte quase aposentou Schumacher
A morte de Senna continuou sendo tema nos anos posteriores. Em entrevista à revista inglesa Autosport, o alemão disse que repensou a carreira após o trágico GP de San Marino.
No domingo à noite, após a corrida, eu estava totalmente destruído. Pensei seriamente em me aposentar, enquanto lutava com o fato de que pessoas poderiam perder suas vidas ali. Não sabia se queria continuar e falei muito com [sua esposa] Corinna sobre isso. Me lembro que, no teste seguinte, estava tentando descobrir se ainda gostava daquilo. Michael Schumacher
No depoimento à revista, o alemão ressaltou a admiração pelo brasileiro. "Eu amava a maneira com que ele pilotava. De um certo modo, Ayrton foi meu ídolo, apesar de eu não ficar feliz, no início, com a abordagem dele com os jovens pilotos, na época em que entrei na Fórmula 1. Mas era parte do jogo, então não foi um grande problema", completou.
O fim de semana do GP de San Marino terminou com as mortes de Ratzenberger e Senna. Na sequência da temporada, Schumacher travou uma disputa acirrada com Damon Hill. Guiando a Benetton, ele somou 92 pontos, um a mais que o piloto inglês da Williams.
Os episódios de "Senna" estão disponíveis na Netflix. Em seis capítulos, a produção detalha o início no automobilismo e a morte do ídolo brasileiro.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.