'Filme não é só o que se vê na tela', diz Flavia Guerra sobre 'Substância'

"Substância" acaba de ganhar cinco indicações no Globo de Ouro: Melhor Diretor, Melhor Roteiro de Cinema, Melhor Filme Cômico ou Musical, Melhor Atriz em Comédia ou Musical (Demi Moore) e Melhor Atriz Coadjuvante (Margaret Qualley).

O filme se mantém no "hype" muito graças aos spoilers e às redes sociais, diz Vitor Búrigo. "É um filme que não se deixou esfriar", disse. "Muito querido pela crítica".

Flavia Guerra diz que o longa é um "acontecimento" e já merecia as indicações só pelas pautas que levanta —como o etarismo e o feminismo. "Estou muito feliz com as indicações", disse.

Só pelo tanto de discussão que o filme já pautou, principalmente entre as mulheres, já merece uma indicação. Um filme não é só, necessariamente, o que se vê na tela, mas o que ele consegue propagar. Flavia Guerra

'Nosso maior problema'

"Ainda Estou Aqui" também recebeu duas indicações ao Globo de Ouro: Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Atriz em Filme Dramático, com Fernanda Torres.As indicações não são uma surpresa, segundo Flavia Guerra, dado o "burburinho" em torno do filme de Walter Moreira Salles Jr..

O filme, no entanto, enfrenta uma boa concorrência, sendo "Emilia Perez" seu principal rival. "Só tem filmão na lista", diz a jornalista. "E 'Emilia Perez' é a pedrinha no nosso sapato".

Já Vitor Búrigo acredita que o "esfriamento" do filme francês pode abrir caminho para "Ainda Estou Aqui". "É realmente o nosso maior concorrente nessa categoria internacional, mas é um filme que perdeu a sua força desde Cannes", diz. "Agora, a Netflix [que detém o filme] deve triplicar a publicidade dele".

Violência em 'As Polacas' é 'dor quase impossível de retratar', diz diretor

Continua após a publicidade

Destaque do cinema nacional neste ano, "As Polacas" estreia nesta quinta-feira (12) nas salas de cinema, trazendo uma realidade pouco falada sobre a imigração judaica ao Brasil, no início do século passado.

Na trama, Rebeca (Valentina Herszage) foge da guerra na Polônia, em 1917, e acaba refém de uma rede de prostituição e tráfico de mulheres. "Apesar de ser um filme de época, fala muito, infelizmente, de uma questão ainda contemporânea, que é o tráfico de mulheres e a exploração sexual de imigrantes", diz Flavia Guerra.

O diretor, João Jardim, concorda que o tema se repete atualmente. "A violência contra a mulher está sempre nas manchetes, mas não temos um entendimento mais emocional do que aquilo significa (...) É muito duro, não é algo simples. É uma dor quase impossível de ser retratada no cinema, mas talvez a gente a aproxime um pouco mais do público, tentando sensibilizar."

Caco Ciocler, que integra o elenco, diz que o filme tem uma história "forte e importante". "Mexe em feridas muito profundas. É uma história que todo mundo sabe, mas que a gente não ouve, até porque essas mulheres não eram aceitas pela própria comunidade judaica", diz. "É um filme muito esperançoso. Muito violento, de uma situação terrível, mas também de muita esperança, sororidade e potência das mulheres e dessa comunidade".

O filme, apesar de falar sobre violência, se sustenta muito nessa união, nessa troca. Valentina Herszage

Valentina Herszage diz que o filme também é uma homenagem à religião e à cultura judaica. "Tive aulas de iídiche, uma língua praticamente morta, para o filme. O cinema também perpetua algumas coisas que estão morrendo; pega a memória e a mantém viva (...) e levanta questões", diz.

Continua após a publicidade
  • Apresentado por Flavia Guerra e Vitor Búrigo, Plano Geral é exibido às quartas-feiras, às 11h, no canal de Splash no YouTube e na home do UOL, com as principais notícias sobre cinema e streaming. Você pode ainda ouvi-lo no Spotify, Apple Podcasts e Google Podcasts.

    Deixe seu comentário

    O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.