Além de Adele: veja artistas internacionais acusados de plagiar brasileiros

O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro determinou a exclusão da canção "Million Years Ago", de Adele, de todas as plataformas de streaming de música no Brasil, em meio à ação de plágio impetrada pelo brasileiro Toninho Geraes, autor da canção "Mulheres", que se popularizou na voz de Martinho da Vila.

Para o TJRJ, a semelhança entre as duas canções é "indisfarçável". A sentença, que não é definitiva, foi celebrada pela defesa de Geraes, que chamou de uma "vitória histórica" para a música nacional. A ação foi movida em 2020.

O caso que envolve Adele, no entanto, não é o único. Outros artistas brasileiros já recorreram aos meios legais sob a alegação de que nomes famosos da música internacional teriam plagiado seus trabalhos.

Jorge Ben Jor x Rod Stewart

Rod Stewart
Rod Stewart Imagem: Raphael Dias/Getty Images

O músico inglês foi acusado de plagiar o brasileiro. Em 1972, Jorge lançou o álbum "Ben", que tem entre suas faixas "Taj Mahal". Seis anos depois, em 1978, Stewart lançou "Da Ya Think I'm Sexy?", cujo ritmo e melodia soam bem parecidos com a canção de Ben Jor.

Jorge Ben Jor processou Rod. O artista inglês reconheceu que plagiou "Taj Mahal", mas alegou que "não teve a intenção". O valor do processo foi doado para o Unicef.

Black Eyed Peas e Jorge Ben Jor

Cantor Will.i.am do Black Eyed Peas
Cantor Will.i.am do Black Eyed Peas Imagem: RUDY TRINDADE/FRAMEPHOTO/ESTADÃO CONTEÚDO
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Em 1999, Jorge Ben Jor processou o grupo Black Eyed Peas por plágio em três músicas: "Falling Up", que tem um sample não autorizado de "Comanche", "Positivity", com um trecho de "Cinco Minutos", e "A8", que copia "O Homem da Gravata Florida".

Na época, em entrevista à Folha de S.Paulo, Jorge afirmou: "Eles cantarolam "O Homem da Gravata Florida" nessa faixa na cara dura". "O Rod se safou, mas dessa vez eu não vou deixar barato", disse Ben Jor na ocasião.

E não deixou mesmo: ele foi creditado nas três canções.

Luiz Bonfá e Gotye

Conhecido pelo hit "Somebody That I Used To Know", Gotye admitiu que se inspirou em "Seville", de Bonfá. A canção original do brasileiro foi lançada em 1960 e serviu como inspiração para o compositor australiano, que alcançou o topo das paradas musicais em mais de 20 países após o lançamento de sua música, em 2011.

Gotye reconheceu o plágio e se comprometeu a indenizar a família de Luiz Bonfá — o artista brasileiro morreu em 2011 em decorrência de um câncer de próstata.

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Outros casos que não resultaram em processos

Black Sabbath teria se inspirado em "What To Do", de Vanusa, para a canção "Sabbath Bloody Sabbath". A brasileira chamou o fato de uma "coincidência musical" e não recorreu à Justiça para ter seus direitos autorais reconhecidos.

Já a canção "Maria Moita", interpretada por Carlos Lyra, teria inspirado o Deep Purple na produção de "Smoke on the Water". A banda britânica jamais admitiu ter plagiado o brasileiro, que por sua vez jamais processou os britânicos.

O que são direitos autorais

Toninho Geraes pede indenização de R$ 1 milhão por danos morais. O brasileiro baseia sua ação na Lei de Direitos Autorais, que protege a propriedade e os interesses do autor, além de seus sucessores à obra, e são divididos em direitos morais e patrimoniais, conforme explicou a Splash Yasmin Arrighi, advogada especialista em Direito Autoral.

O direito autoral protege as criações intelectuais no campo literário, artístico e científico. Ele reconhece ao autor ou criador de uma obra original o direito exclusivo de usar, dispor e autorizar o uso de sua criação, garantindo tanto direitos morais quanto patrimoniais.
-- Yasmin Arrighi

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Obra só passa a ser de domínio público após a morte do último autor daquele trabalho, contados 70 anos após a morte de seu último autor. Só a partir daí é que essa obra "pode ser usada por qualquer pessoa", destacou Arrighi.

Ao ser constatado plágio, a parte acusada pode sofrer sanções legais. Entre as principais medidas estão a retirada do material copiado do mercado fonográfico no caso da música, o pagamento de indenização. Entretanto, geralmente é feito um acordo extrajudicial entre as partes, "o que evita a continuidade do litígio e garante uma solução mais rápida", esclareceu a especialista.

"Esse acordo pode incluir valores indenizatórios, divisão de créditos e até coautoria em registros junto ao ECAD e sociedades", completou Arrighi.

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