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Secretário de Cultura de Salvador critica Claudia Leitte por mudar música

Claudia Leitte alterou letra de música que saudava Iemanjá Imagem: Brazil News

Colaboração para Splash, em São Paulo

17/12/2024 17h22

O nome de Claudia Leitte ganhou destaque nesta terça-feira (17), após Pedro Tourinho, o Secretário de Cultura e Turismo de Salvador, criticar de forma indireta a mudança que a cantora realizou na letra da música "Caranguejo", após se converter à religião evangélica.

O que aconteceu

Em uma publicação feita em seu perfil do Instagram, o Secretário de Cultura fez uma reflexão sobre os 40 anos do Axé Music. "Axé é uma palavra de origem yorubá, que tem um significado e um valor insubstituível na cultura e nos cultos de matriz africana. Deste mesmo lugar, e com essa mesma importância, vêm também os toques de percussão que sustentam, dão identidade e ritmo", iniciou.

Pedro Tourinho destacou que após tantos anos, o gênero musical deveria passar por mudanças. "Sempre há tempo para refletir, entender, mudar e reparar, mesmo após os 40 anos. O papel da cultura negra no Axé Music, o protagonismo dos cantores brancos, com os negros na composição e na 'cozinha', são fatos que não podem ser contornados. Não é para se fazer caça às bruxas, mas sim fazer justiça e colocar tudo no seu devido lugar".

Homenagens ao Axé Music em 2025 têm de ser também afirmativas, trazendo os tambores para frente, os compositores para o alto. Têm de remunerar também de forma equivalente todas as cores. Têm de trazer a informação da origem daquela batida, falar de Dodô tanto quanto de Osmar. Celebrar aquele momento, trazendo luz a tudo e todos Pedro Tourinho, Secretário de Cultura e Turismo de Salvador, em uma publicação no Instagram

O secretário fez menção ao caso de Claudia Leitte, que alterou a letra da música "Caranguejo", trocando a saudação à Iemanjá por "Eu canto meu Rei Yeshua" — termo que significa Jesus em hebraico. "Quando um artista se diz parte desse movimento, saúda o povo negro e sua cultura, reverencia sua percussão e musicalidade, faz sucesso e ganha muito dinheiro com isso, mas, de repente, escolhe reescrever a história e retirar o nome de Orixás das músicas, não se engane: o nome disso é racismo, e é o surreal e explícito reforço do que houve de errado naquele tempo".

Celebrando os 40 anos do Axé Music, Pedro afirmou que o gênero não pode mais admitir 'desrespeito, apropriação e retrocesso'. "A celebração dos 40 Anos do Axé-Music é muito bem-vinda, é necessária e pertinente. Contudo, ela não pode vir sem também trazer junto algum pensamento crítico. Importante botar as coisas no seu devido lugar antes de começar o oba oba. Temos a oportunidade de seguir em frente, corrigir percursos, fazendo o melhor e o justo. Viva o Axé", escreveu.

Na publicação, famosos como Ivete Sangalo e Alinne Rosa haviam apoiado o secretário, mas, após a repercussão da postagem, Pedro Tourinho desativou os comentários e se justificou: "Essa questão que levantei é muito mais sobre o todo do que sobre a parte, e maior e mais endêmica do que qualquer caso isolado. Sei que perde-se controle, mas a intenção não é alimentar hate contra ninguém, e sim puxar a discussão como um todo sobre a necessidade de saber o que é axé e reconhecer toda a história. Fechei comentários porque a discussão estava indo na direção errada".

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