'Lindo e relevante': filme iraniano se destaca e pode ser o azarão do Oscar
Colaboração para Splash, em São Paulo
19/12/2024 05h30
Assim como "Ainda Estou Aqui", o filme iraniano "A Semente do Fruto Sagrado" se mantém na disputa para ser um dos cinco indicados de melhor filme estrangeiro do Oscar 2025. Coprodução entre Irã, Alemanha e França, o longa-metragem foi inscrito e selecionado pelo país germânico.
Para Flávia Guerra, se o filme de Walter Salles não estivesse na disputa pela estatueta, esta seria a produção pela qual ela torceria. "É um filme belíssimo, lindo, cinematograficamente relevante, politicamente, para o momento do mundo, para a força das mulheres", diz.
Dirigido por Mohammad Rasoulof, o filme retrata a história de uma jovem em meio a uma agitação política em Teerã. "O Irã está explodindo, está em ebulição, as mulheres estão indo à rua depois daquele incidente horroroso, infelizmente real, que leva a jovem até a morte, porque não estava usando corretamente o hijab", explica Flávia.
É um filme que passeia por vários gêneros, é um filme belíssimo. Eu espero que ele esteja nessa lista de finalistas [de indicados ao Oscar]. Flávia Guerra
Apesar do destaque que "Ainda Estou Aqui" e "Emilia Perez" estão tendo, o longa iraniano pode ser um azarão. "Eu estou desde maio gritando, enchendo o saco das pessoas, de que eu teria dado a Palma de Ouro para esse filme, apesar de adorar 'Anora'. Acho um absurdo como esse filme não estava lá".
'Misturar a própria vida com a ficção'
Aos 62 anos, Demi Moore se tornou destaque ao protagonizar "A Substância", filme escrito e dirigido por Coralie Fargeat. Também presente na pré-lista de indicados ao Oscar, a produção poderá ser responsável por render uma estatueta dourada à atriz.
Enquanto os brasileiros torcem por Fernanda Torres, Moore também pode ser uma forte candidata ao prêmio de melhor atriz. "Acho que a Demi Morre é uma indicada forte, sim. Tanto pela narrativa que o Oscar gosta, porque, recentemente, ela foi muito criticada pelos procedimentos que estava fazendo. Só a coragem de ela misturar a própria vida com a ficção já levanta as orelhinhas dos votantes da academia", opina Flávia Guerra.
No longa, a atriz interpreta uma apresentadora de um programa fitness, que, ao completar 50 anos, é demitida por não se encaixar mais nos padrões de beleza. Diante de sua revolta interna, a personagem recorre a meios extremos para conseguir se tornar sua melhor versão.
Acho que o filme traz essa loucura toda, essa coisa escatológica, nojenta, de propósito, para que a gente fique... 'Meu Deus do céu, o que a gente está vendo? É para esse lugar que nós vamos? Vitor Búrigo
Na visão de Flávia Guerra, "A Substância" ainda tem potencial para receber uma indicação para roteiro original. "Ele não é um filme de pauta, não é discursivo, que fica te dando liçãozinha, palestrinha sobre tudo o que nós estamos falando. Quem traz tudo isso somos nós, o espectador, depois que assiste. O filme não", diz.
'Impecável, mas não inédito'
Inspirado no conto de Drácula, uma nova refilmagem de "Nosferatu" chegará aos cinemas no dia 2 de janeiro. Desta vez, a produção é dirigida por Robert Eggers, o mesmo responsável por "A Bruxa" (2015) e "O Farol" (2019).
Mesmo sem ter assistido ao novo filme, Vitor acredita que diretores como Eggers levam muito de sua marca para todos os filmes que produzem. "Eu acho que é muito interessante ver nomes que chegam e você fala: 'esse filme é dessa pessoa'. Então, já vimos 'A Bruxa", "O Farol', já vimos muitas das suas características", afirma.
No entanto, carregar as características do diretor foi algo que incomodou Flávia Guerra —que assistiu ao filme na pré-estreia realizada em Los Angeles, EUA. "Eu gosto do filme, mas não acho uma obra-prima, não acho incrível, eu gosto, mas essa sou eu com Eggers", diz. "Acho que esse filme tem a mesma característica que 'O Farol', ele é muito estilizado, é muita trilha, que chega a me irritar. Se eu estivesse vendo sozinha no cinema, eu abaixaria um pouco, porque ela é muito alta".
O filme é impecável, mas eu não acho que ele traz algo de nova a essa história. Eu acho que ele é uma boa refilmagem, é bom atualizar os clássicos de tempos em tempos, mas o meu preferido ainda é 'Nosferatu' do Werner Herzog dos anos 1970. Amo do Murnau e também 'Drácula' de Bram Stoker, acho que é uma obra à parte. Flávia Guerra