Livro mistura horror e BDSM em narrativas sobre limite e desejo
"Vermelho", novo livro de Paula Febbe, mergulha na complexa relação de moralidade e sexualidade humana que existe no BDSM (Bondage, Disciplina, Sadismo, Masoquismo). Por meio de quatro histórias interligadas, a autora aborda o desejo, o afeto e os próprios limites humanos —ou a ausência deles.
A teia de erotismo é criada a partir de casamentos de fachada, profissionais de bondage, investigadores, lutadoras de MMA e vítimas de um mercado ilegal de carne.
Em entrevista a Splash, Febbe diz que sua curiosidade sobre as práticas nasceu durante a pandemia de covid-19, quando as pessoas estavam distantes. "Fui pensando no contrário: o que seria a proximidade extrema, o que faria alguém confiar no outro ao máximo. A partir daí, comecei a ver que seria algo muito interessante."
Comecei a entrevistar algumas pessoas desse meio. E foi mais revelador, foi mais interessante ainda do que eu imaginara. Porque, por exemplo, eu achava que toda relação BDSM envolvia sexo, mas não. Na verdade, muita gente goza através da prática, sem envolver o sexo em si.
Ao abordar o assunto, a autora quis ir além de apenas relatos sexuais, ao ter a intenção de provocar questionamentos sobre as relações de dominação. "Dentro do BDSM, existem muitas atividades permitidas que, caso tiremos de contexto, não seriam. O que eu quis contestar no livro é essa questão do que é seguro e o que é consensual."
Para quem conhece o trabalho de Paula Febbe, pode estranhar a temática de "Vermelho", uma vez que sua obra é voltada ao suspense e terror, como "Vantagens que Encontrei na Morte do meu Pai". No entanto, se engana quem acha que o livro se trata de algo parecido com "50 Tons de Cinza". A autora promete que está mais para Clive Barker com "Hellraiser".
Como conseguir conter nossos impulsos, nossos desejos? O quanto podemos confiar no outro? O horror está aí.