Apesar de vencer 'Ainda Estou Aqui', 'Emilia Pérez' acumula polêmicas; veja
De Splash, em São Paulo
07/01/2025 05h30
Fernanda Torres venceu o Globo de Ouro 2025 na categoria de melhor atriz em filme de drama, no último domingo (5), e deixou o Brasil em êxtase. Mas "Ainda Estou Aqui" não conseguiu o mesmo feito e perdeu o prêmio de melhor filme estrangeiro para o francês "Emilia Pérez". Mas, apesar da conquista, o grande rival da produção brasileira tem atraído, além de elogios, algumas polêmicas e críticas negativas.
O longa conta a história de Rita, uma advogada a serviço de uma grande empresa que está mais interessada em ganhar dinheiro inocentando criminosos do que em servir à Justiça. Ela é contratada para auxiliar o líder fugitivo de um cartel de drogas mexicano, Manitas, que quer abandonar os negócios e passar por uma cirurgia de redesignação sexual, para afirmar o gênero com o qual se identifica e mudar de vida.
O que aconteceu
Apesar de ter sido bem recebido pela crítica especializada, "Emilia Pérez" também foi criticado, principalmente por mexicanos. Dirigido pelo francês Jacques Audiard e protagonizado pela espanhola Karla Sofía Gascón, além das americanas Selena Gomez e Zöe Saldaña, o filme fala sobre um cartel mexicano, tendo uma única atriz mexicana da produção: Adriana Paz. Ela faz um papel secundário e sequer foi escolhida para concorrer nas premiações.
A produção chegou a justificar a escolha dizendo ter considerado que "as atrizes escolhidas eram melhores para os papeis", mesmo procurando por artistas na América Latina que poderiam estar no filme. "Audiard olhou para todas igualmente. Ele não estava dizendo que queria uma atriz de renome. Ele só queria a melhor atriz para o papel. E acabaram sendo Selena e Zoe", disse a diretora de elenco Carla Hool em entrevista ao SAG-Foundation.
Apesar da declaração da declaração de Hool, Selena Gomez foi duramente criticada por mexicanos e pessoas que falam espanhol pelo "descuido" da atriz com o idioma. Ela se defendeu e disse que teve apenas alguns meses para se preparar para o papel e para falar em espanhol. "Sinto muito por fazer o melhor que pude com o tempo que me foi dado. Isso não diminui o quanto trabalhei e coloquei o coração nesse filme", comentou em um vídeo que a criticava.
Outro tópico que desagradou bastante foi a representatividade. Segundo a Aliança Gay e Lésbica Contra a Difamação (GLAAD), "Emilia Pérez" não tem uma boa representação transgênero, ao propagar estereótipos da comunidade ao reciclar os estereótipos e clichês, apesar de ter como protagonista uma atriz trans: Karla Sofía Gascón. "É um retrocesso para a representação trans", disseram.