Vereadora quer 'Ainda Estou Aqui' de graça em SP; veja como funciona
Após a indicação de "Ainda Estou Aqui" em três categorias do Oscar, a vereadora paulistana Amanda Paschoal (PSOL) disse ter protocolado um pedido à Prefeitura de São Paulo para que o filme seja incluído na programação dos cinemas públicos da cidade. No entanto, o processo pode ser mais difícil do que parece.
A exibição depende de negociação
A exibição do filme no circuito gratuito depende da liberação da distribuidora. "Não é só a gente pegar o pen drive com filme e colocar nas escolas", argumenta Emiliano Zapata, diretor de inovação e políticas audiovisuais da Spcine, o órgão responsável pelo circuito de salas de cinema públicas. "Tem uma questão de direitos que a gente precisa negociar com a distribuidora".
Segundo Emiliano, o sucesso de bilheteria pode dificultar a exibição. Ele conta que, às vezes, as distribuidoras têm medo de a exibição em salas gratuitas diminuir a bilheteria das salas comerciais. Ele afirma que não é o caso: a ideia da Spcine é justamente levar os filmes para um público que não costuma ir ao cinema. "[Os espectadores] falam: 'Antes eu levava o meu filho no cinema, mas eu não entrava porque era um ingresso a mais e isso impacta o meu orçamento. Agora que é gratuito, eu posso assistir'".
'Ainda Estou Aqui', provavelmente, vai para o circuito, mas não agora, porque também é a oportunidade de as pessoas que trabalharam com o filme terem esse retorno comercial.
Emiliano Zapata, diretor de inovação e políticas audiovisuais da Spcine
"Ainda Estou Aqui" é a maior bilheteria nacional desde a pandemia. Baseado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva sobre a história de sua família, o filme já foi visto por 3,6 milhões de pessoas no Brasil.
O filme já teve uma exibição gratuita, programada antes das indicações ao Oscar. "Ainda Estou Aqui" foi exibido ao ar livre no Centro Cultural São Paulo como parte das comemorações do aniversário da cidade, em 25 de janeiro. Emiliano conta que, na época em que fez a proposta para a distribuidora, "o filme já tinha começado a descer na curva de bilheteria". Mesmo assim, ele foi para a negociação munido de um argumento forte: "Apesar de o filme se passar quase inteiro no Rio de Janeiro, a Eunice nasceu e morreu aqui. Então, falamos que seria muito simbólico". Foi um sucesso: mesmo com ameaça de chuva, a sessão ficou lotada.
A Spcine completa dez anos em 2025. A empresa estatal foi fundada durante a gestão de Fernando Haddad (PT) com o objetivo de fortalecer a indústria audiovisual da capital paulista. Além do circuito de salas gratuitas, a Spcine também tem projetos de inclusão, formação de novos talentos da área, internacionalização das produções e no desenvolvimento de jogos.
O Circuito Spcine também se propõe a fazer sessões acessíveis. Em 2024, foi retomada a Sessão Azul, adaptada para pessoas no espectro do autismo: a sala não fica completamente escura, o volume do som é reduzido em um decibel, e é permitido circular pelo ambiente durante a exibição. Segundo Emiliano, também há planos para sessões especiais para idosos e mães com crianças de colo. Na exibição gratuita de "Ainda Estou Aqui", foi disponibilizada a mesma versão enviada para cinemas comerciais, sem legendas ou interpretação em Libras. No entanto, o diretor afirma que, quando o filme for exibido no circuito Spcine, a tecnologia assistiva estará disponível: "Por regimento, todas as nossas salas são equipadas para receber pessoas com deficiência".
O Circuito Spcine inclui CEUs (Centros de Educação Unificadas) e estabelecimentos como o Centro Cultural São Paulo, na região do Paraíso (zona sul), e a Galeria Olido, na região central. Na próxima semana, a programação inclui filmes como a animação "Arca de Noé", "Gladiador 2" e "Wicked: Parte 1". Veja a programação completa aqui.
7 comentários
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Luiz Ricardo Nogueira Cobra Martinez
Políticos, políticando.... Acham que é só protocolar qualquer coisinha determinando ações sem pensar em orçamento, pagamento, direitos, deveres. O filme será muito explorado comercialmente ainda, antes de qualquer possibilidade de liberação e o mais incrível, errados não estão.
Deborah Marques Zoppi
Não existe almoço grátis! Alguém tem que pagar, simples assim.
Lourenço Pellegrini Neto
O PSOL sempre querendo aparecer gastando dinheiro do contribuinte. Lamentável essa gastança irresponsável!!!!