Academia se recusou a apoiar cineasta palestino preso, diz equipe de filme


De Splash, em São Paulo
26/03/2025 11h31
A equipe de "Sem Chão", vencedor do Oscar de melhor documentário, afirma que a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas se recusou a demonstrar apoio a Hamdan Ballal, diretor do filme preso e agredido por soldados israelenses nesta semana.
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O que aconteceu
Yuval Abraham, que também dirigiu o filme, fez a denúncia no X. "Infelizmente, a Academia dos Estados Unidos, que nos deu o Oscar há três semanas, se reusou a apoiar Hamdan Ballal publicamente enquanto ele era agredido e torturado por soldados israelenses", escreveu o cineasta israelense na rede social.
Disseram que, como outros palestinos foram agredidos no ataque dos colonos, [o caso] poderia não ter relação com o filme, então não sentiram a necessidade de se pronunciar. Yuval Abraham no X
Hamdan disse ter ouvido os soldados fazendo piada sobre o Oscar. "Em outras palavras, apesar de Hamdan ter claramente sido escolhido por fazer 'Sem Chão', ele também foi escolhido por ser palestino — como inúmeros outros que são ignorados todos os dias. Aparentemente, isso deu à Academia uma desculpa para ficar calada quando um cineasta que eles homenagearam, que vive sob uma ocupação israelense, mais precisava dela", acrescentou Yuval.
O cineasta ressalta que outras organizações emitiram comunicados sobre o caso. Ele destacou a atuação da Academia Europeia de Ciências e Artes, e afirmou que outros festivais e prêmios também se manifestaram. A Associação Internacional de Documentários enviou a seguinte declaração à imprensa internacional: E"xigimos a libertação imediata de Ballal e que sua família e comunidade sejam informadas sobre sua condição, localização e a justificativa para sua detenção".
Yuval conta que membros da própria Academia dos Estados Unidos exigiram um posicionamento da organização. "Vários membros da Academia, especialmente na área de documentários, pressionaram por uma declaração, mas tiveram o pedido recusado", afirma o cineasta. Procurada pelo site The Hollywood Reporter, a Academia não se pronunciou sobre o caso.