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'Branca de Neve': Live action tem acertos, mas não deve alcançar sucesso

Rodeado por polêmicas, o live-action "Branca de Neve" estreia hoje nos cinemas brasileiros. Baseado no conto de fadas dos Irmãos Grimm, o filme vem com Rachel Zegler, que tem origem latina, no papel principal, o que Flavia Guerra aponta como um ponto positivo.

Gosto do fato de não ser a Branca de Neve óbvia. Rachel é super diferente, legal, canta bem e está bem no papel. Acho uma história nada óbvia. Acho bacana ver uma Branca de Neve que eu não apostaria. E gosto do jeito que atualizaram essa princesa; ela se envolve com a turma de revoltosos contra essa rainha déspota.
Flavia Guerra durante o Plano Geral desta semana

Em relação à personagem da Rainha Má, interpretada por Gal Gadot, a jornalista diz que a atriz tem um "biotipo que fica maravilhoso". "Não a acho a melhor cantora do mundo, mas a Rachel segura bem", completa.

As protagonistas, no entanto, não conseguiram evitar as polêmicas em torno do filme, em especial por causa dos famosos anões amigos da Branca de Neve. "Os anões são animação, não atores, e isso foi problematizado. Não acho que vá ser um grandíssimo sucesso, a imprensa está bem dividida", afirma Flavia.

A jornalista diz que o longa não precisava ser um musical —e é justamente neste ponto que ele peca. "Podia ser um drama sem música. A Disney pode abrir mão disso", afirma. "Isso é que dá uma enfraquecida. Mas em geral, é uma boa repaginada na história".

Série 'Adolescência' expõe como jovens são reféns da internet

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A minissérie "Adolescência" estreou há duas semanas na Netflix e conquistou o público com uma história forte sobre os jovens de hoje. Para a jornalista Flavia Guerra, a série é "assustadora" e "complexa".

É estarrecedor o quão banal e cotidiana são as violências que os adolescentes sofrem. Sempre sofreram, mas nos dias de hoje tudo esta muito mais complexo, com a desconexão e fragmentação das vidas nas famílias. Antes, havia uma convivência de forma forçada. As cidades eram menores, havia uma única televisão na casa.
Flavia Guerra

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A produção consegue abordar problemas da juventude tanto na narrativa quanto nas escolhas técnicas, com destaque para o plano sequência. "A intenção não é mostrar 'quem matou'. A série fala sobre os adolescentes e o que eles fazem dentro do quarto", avaliou Vitor Búrigo no Plano Geral.

Em quatro episódios, a produção mostra a dificuldade que os jovens têm de se expressarem e a influencia da internet. "Nós somos reféns da internet, imagina um jovem que está construindo sua personalidade, cheio de duvidas, medos e angustias? Ele vai se fechando no mundo dele", completa Búrigo.

Por sua complexidade e com o impacto que está tendo entre o público e a crítica, Flavia aposta na série na próxima temporada de premiações. "É muito bem construída narrativamente para trazer uma gravidade contemporânea. É uma série baseada no que vem acontecendo no Reino Unido com os adolescentes", diz.

Ditadura inspira nova ficção

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Grande vencedor do Festival do Rio 2023, "A Batalha da Rua Maria Antônia" é outra estreia da semana nos cinemas brasileiros. O longa recarrega o fôlego da temática da ditadura brasileira, que ganhou destaque com "Ainda Estou Aqui", ao recontar de forma ficcional um episódio real de 1968.

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Através de 21 planos sequencias, o longa recorda como estudantes e professores do movimento estudantil de esquerda na Faculdade de Filosofia da USP lutaram contra o Comando de Caça aos Comunistas, na rua Maria Antônia, no centro de São Paulo

Para a diretora Vera Egito, o recurso do plano sequência insere os espectadores na tensão. "O plano sequência gera essa sensação de tempo real, e senti a necessidade de narrar dessa forma", diz. "É uma imersão arrebatadora", completa Vitor Búrigo.

Flavia Guerra diz que a escolha de unir o tema a esta técnica gera um resultado "fascinante". "É tudo ensaiado, mas parece tudo ao vivo", diz.

Vera também destaca o elenco feminino, que assume o protagonismo na trama. "Os eventos são reais, mas as pessoas são fictícias, porque queria a liberdade para construir", disse. "E o time feminino carrega a história... Tomei essa decisão de transformar os protagonistas em as protagonistas".

Esse tema não está só vivo porque olhamos para o passado, mas porque também corremos esse risco no presente.
Vera Egito

Apresentado por Flavia Guerra e Vitor Búrigo, Plano Geral é exibido às quartas-feiras, às 11h, no canal de Splash no YouTube e na home do UOL, com as principais notícias sobre cinema e streaming. Você pode ainda ouvi-lo no Spotify, Apple Podcasts e Google Podcasts.

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Opinião

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