'Viado da família brasileira' é meu papel mais precioso, diz Dalla Vecchia
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Com 30 anos de carreira e 20 novelas no currículo, Carmo Dalla Vecchia, 53, encontrou nas redes sociais o seu papel mais importante: o de "viado da família brasileira".
O ator passou a ter mais contato com os fãs nas redes sociais em 2021, quando revelou ser gay durante o quadro Dança dos Famosos. "Nos dias de hoje, a função do artista é de um humanismo muito grande, e eu não poderia deixar de tentar me comunicar com as pessoas num dos lugares que talvez tenha sido o que mais tenha me feito sofrer", reflete Carmo em entrevista a Splash.
Não sei se na minha vida vou conseguir, através do meu trabalho, fazer algo tão precioso quanto o ato de comunicar esse assunto que é tão tabu.
Carmo Dalla Vecchia
O ator nunca escondeu a sexualidade em sua vida privada, mas em público tinha um "calcanhar de Aquiles". Durante a conversa com esta repórter, Carmo relembrou que, até alguns anos atrás, não havia hesitação em causar desconforto em figuras públicas com perguntas sobre a sexualidade: "Pessoas como você, até bem pouco tempo atrás, queriam falar comigo só sobre esse assunto. A terceira pergunta na entrevista era que tipo de mulher você gosta. Hoje, eu posso me dar o luxo de me divertir com isso".
Carmo usa o humor para apresentar questões LGBTQIA+ a pessoas que poderiam não se interessar pelo tema de outra forma. No Instagram, ele mistura piadas com reflexões mais sérias e recortes de seu dia a dia. O humor também é uma forma de proteger a sua privacidade: o ex-BBB Kaysar Dadour, por exemplo, costuma aparecer nas esquetes mais apimentadas como parceiro de Carmo, que na vida real é casado com João Emanuel Carneiro. "O que daquilo é verdade e o que não é verdade faz parte da piada", explica o ator.
Carmo, que temia o impacto da verdade em sua vida pública, sentiu-se acolhido pelo público. Ele tem uma explicação para a recepção positiva: "Por eu ser branco, por eu ser casado há muitos anos, por eu ter família, por eu ser um cara que já trabalhou muito na televisão, as pessoas olharam para mim e disseram: tudo bem, esse gay aí é legal, pode vir".
Para o ator, nenhum ataque nas redes sociais pode ser pior que viver no armário. Ele credita à psicanálise e ao budismo a sua habilidade de não se deixar afetar pelos haters —que, ressalta, são minoria. Quando aparecem, ele não hesita em bloquear: "Um castigo maior para essas pessoas é eu não existir na vida delas. Elas não vão ter a oportunidade de aprender comigo".
Carmo diz já ter recorrido à polícia em casos mais sérios, quando recebeu ameaças. E se divertiu com o resultado: "[Os autores dos ataques] só faltam rastejar para você pedindo desculpas, dizendo que não têm nada contra os gays, que não são homofóbicos. Viram uns cordeirinhos".

A interação com o público também é parte de seu trabalho. Carmo Dalla Vecchia está em cartaz no Teatro das Artes com a peça "Corte Fatal", em que a plateia faz parte do elenco. Na comédia policial, espectadores interagem com os atores e guiam a investigação de um assassinato numa barbearia. O roteiro tem 202 páginas e prevê três finais diferentes, dependendo do caminho que o público escolher.
Geralmente, as pessoas têm medo de irem ao teatro e serem usadas pelo elenco para uma piada. Agora é o contrário, são elas quem usam a gente.
Carmo Dalla Vecchia
"Corte Fatal" fica em cartaz no Rio até o dia 11 de maio. Os ingressos estão disponíveis na bilheteria digital. Entre agosto e novembro, o espetáculo desembarca em São Paulo para uma temporada no Teatro UOL.
22 comentários
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Helio Azevedo Montenegro Junior
Ficou mais famoso como Viado do que Ator.
Ronin
Para quem não tem talento para se destacar em sua profissão, resta ser debochado e escrachado. Esse aí é PhD em mediocridade...
Fernando Antonio Lara Pereira
Debochar dos outros, se vingar de quem pensa diferente, impor a sua vontade e tentar chocar, esse é o seu talento e a sua missão? Vc não entendeu nada do Budismo, melhor estudar de novo