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Entre a massagem e o gozo, massoterapeuta vira ator pornô: 'Agora sou puto'

Num dia com agenda cheia, Mauro Guimarães segue um ritual. Acende um palo santo e troca as pedras pretas energizantes repousadas numa cama de sal grosso nos quatro cantos da sala.

Descalço e vestido de branco, ele afasta os móveis da sala, abre uma maca e estende por cima uma canga de praia com a estampa do calçadão de Copacabana. Pega o celular e digita "música xamânica" no YouTube.

O som etéreo de uma flauta toma o ambiente, iluminado apenas por um pequeno abajur. Tão logo o ritual é concluído, a campainha toca.

O cliente da vez tem 20 e poucos anos. Deixa o tênis na entrada e passa os olhos por toda a casa. "Eles sempre chegam tímidos e às vezes já com o 'negócio' duro'", Mauro me diz, mais tarde.

Tudo fora combinado por WhatsApp horas antes, com base no cardápio de serviços prestados por Mauro. O rapaz escolheu uma massagem relaxante, combinada com técnicas tântricas e com direito a "um final feliz".

Nu e de bruços sobre a maca, o cliente recebe as mãos de Mauro, lambuzadas de óleo. Começam na planta dos pés e sobem pela perna, panturrilhas, glúteos e costas. "Vamos relaxar agora", ele orienta com a voz grave.

De repente, Mauro tira a camiseta e trepa em cima do cliente, usando o próprio corpo malhado e peludo para massageá-lo. Agora, junto ao som da flauta, se misturam sussurros e gemidos.

É chegada a hora da massagem lingam, que significa "bastão de sustentação" em sânscrito, técnica utilizada especialmente no pênis. "É como amassar um pão", explica Mauro. "Serve para seu corpo expulsar energia. É um orgasmo seco."

O que rola nos vinte minutos finais nada tem a ver com o que é ensinado nos cursos de massoterapia ou de tantra: Mauro e o cliente começam a transar.

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"A massagem é terapêutica, mas, para muitos deles, o sexo também é", Mauro resume.

Acabada a relação, o massagista coloca uma mão na cabeça do rapaz e a outra no peito ainda ofegante. "Pronto", diz, empapuçado de suor e gozo.

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Imagem: reprodução

O que vale é o corpo

Com mais de dez anos de experiência como massoterapeuta, Mauro agora se dedica mais aos "finais felizes" do que apenas nas técnicas tradicionais de relaxamento.

A virada se deu na época em que mantinha profissionalmente salas de estética, massagem e depilação para homens e mulheres. "Mas todos me perguntavam na hora o que rolava a mais no final", conta. Sacou rápido o que aquilo queria dizer: "Uma mamada, uma punheta, algo que justamente saísse das regras."

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Um dia, cedeu às investidas de um rapaz. "É aquele ditado: ou eu fazia ou a pessoa que estava na mesma área ia topar e eu ia perder o cliente", diz.

A cena que abre esta reportagem aconteceu na casa de Mauro, no centro de São Paulo, durante a pandemia. Era 2021 e o combo relaxante, com direito a massagem e sexo, o fazia atender dez homens por dia e faturar R$ 10.000 por mês.

Louros colhidos pelo profissionalismo, mas mais pelos músculos definidos. "Em São Paulo, o que vale é o corpo, não importa o que você faça", diz.

Aos 49 anos, ele diz que a massagem segue sendo uma paixão, mas a vontade de gozar fala mais alto. Até pela grana.

Sua agenda, hoje, é quase totalmente voltada para gravação de vídeos pornôs para as mais diversas plataformas. Começou com o registro das próprias massagens mais safadas. Aos poucos, foi convidando atores pornôs para deitarem em sua maca.

Já hoje? "Eu tenho que subir quatro vídeos por semana, faço três gravações por dia. Eu sou passivo, chega uma hora que fico cansado."

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Imagem: reprodução

O esporro depois da calmaria

Com os cabelos penteados para trás e tufos de pelos do peito à mostra na regata cavada, Mauro ganhou notoriedade até em outros países com o pornô amador "Um Tio do Caralho".

"Meu estilo grisalho é uma coisa que chama atenção. As pessoas gostam do estilo 'paizão', os mais novos me procuram muito por causa desse fetiche", ele observa.

No primeiro vídeo pornô, ele se recorda, usufruiu do biotipo para criar uma historinha. Aparecia vestido de árabe, enquanto o ator Andy Brazil incorporava o sultão. De cara, teve uma experiência bem diferente das massagens relaxantes.

"Era um pauzão enorme, ele me jogou na cama e, como ele é pesadão, quase que não aguentei. Mas ele foi devagar e concluímos o trabalho."

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Outro vídeo o fez ganhar 6.000 seguidores numa tacada só. Foi com um outro homem mais velho, de 54 anos —e um pau grosso de mais de 20 cm.

"Na hora que ele arrancou a roupa, eu quis correr, me assustei com o tamanho daquela pica, Jesus do céu, era grande demais", relata.

"Fomos para o quarto. Na hora que ele me catou de quatro, eu perguntei: 'Você colocou tudo?' Ele disse: 'Ainda não, só um pouquinho, você quer?'", ele recorda, com os olhos revirando.

"Na hora que ele empurrou tudo, eu dei um grito, ele me puxou e fiquei meio pendurado. Ele era alto, me puxou nas ancas, fiquei pendurado com as pernas, os braços e a cabeça pra baixo, que nem um guaxinim."

A cena pode ter até ficado engraçada (ou preocupante), mas ele garante que nunca sentiu tanto tesão em trabalhar com sexo —dessa vez, de forma nada relaxante. O resultado do vídeo foi uma esporrada sem ao menos tocar no pau.

"Eu não enceno nada. Eu sinto tesão e gozo ao mesmo tempo. Começo a tremer, sabe o choque que dá no corpo? Eu transpasso meu corpo nessa hora", explica.

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Ele promete, para os próximos vídeos, testar ainda mais seus limites. E já tem ensaiado em casa uma cena de fisting [prática sexual que envolve a inserção da mão ou antebraço na vagina ou no ânus]. "As pessoas pedem muito, e tento testado com consolos grandes."

As massagens relaxantes têm ficado mais escassas, e a música xamânica mal toca no seu apartamento, no meio de tanta cena de sexo mais forte —e gritos ao invés de gemidos.

Ele reconhece: "Sou profissional da massagem, amo que faço, mas hoje sou basicamente um puto do sexo."

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