Regulador britânico de televisão retira licença de canal chinês CGTN
Londres, 4 Fev 2021 (AFP) - O organismo regulador do setor audiovisual britânico retirou, nesta quinta-feira (4), a licença de transmissão do canal estatal chinês de notícias em inglês CGTN, alegando o controle do Partido Comunista Chinês sobre seus programas.
O regulador Ofcom explicou que a licença foi concedida a Star China Media Limited, que na verdade "não tem nenhuma responsabilidade editorial nos conteúdos emitidos pelo CGTN", e que não era possível transferi-la para a entidade que realmente está encarregada do canal porque "está controlada pelo Partido Comunista Chinês".
Esta decisão chega em um contexto de crescente tensão diplomática entre Londres e Pequim, principalmente em torno do bloqueio das liberdades democráticas na ex-colônia britânica de Hong Kong que, conforme defende o Reino Unido, são garantidas pelas condições de sua devolução à soberania chinesa em 1997.
O governo de Boris Johnson proibiu em 2020 o uso dos aparelhos de telecomunicação do gigante chinês Huawei no desenvolvimento de sua rede de telefonia móvel 5G, entre acusações de controle por parte do governo de Pequim.
"Demos muito tempo ao CGTN para que cumprisse a normativa. Esses esforços já se esgotaram", afirmou Ofcom, considerando portanto "apropriado revogar a licença de transmissão do CGTN no Reino Unido".
Esta decisão corre o risco de agravar ainda mais as relações entre Reino Unido e China, prejudicadas também pela condenação de Londres ao tratamento de Pequim à minoria muçulmana uigur.
Ofcom anunciou que "em breve" se pronunciará sobre um caso de sanção contra o canal chinês por uma cobertura considerada parcial e injusta.
Em julho, o órgão regulador denunciou o CGTN pelo tratamento direcionado a um britânico, o jornalista Peter Humphrey, durante a cobertura de sua prisão na China.
Em maio, acusou o CGTN de parcialidade na cobertura das manifestações pró-democracia em Hong Kong em 2019.
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