'Humanos são piores que zumbis', diz Zack Snyder sobre 'Army of the Dead'
Depois de uma década fazendo alguns dos maiores filmes de super-heróis de Hollywood, o diretor Zack Snyder voltou às criaturas que o tornaram famoso: zumbis, desta vez dominando Las Vegas.
Em "Army of the Dead: Invasão em Las Vegas", que estreia em alguns cinemas dos EUA nesta sexta-feira (14), e na Netflix em 21 de maio, a cidade foi colocada em quarentena após ser invadida por hordas de mortos-vivos.
Um grupo de mercenários armados tenta entrar na cidade sitiada para roubar milhões de dólares de um cofre, tendo apenas algumas horas antes de uma bomba nuclear cair sobre os hediondos residentes de Sin City.
Para um diretor que fez seu nome com um remake, em 2004, de "Madrugada dos Mortos", de George A. Romero, uma sátira ao consumismo ao deixar zumbis soltos em um shopping, foi uma jogada fácil.
"É um filme de zumbis, sobre uma gangue de assassinos de zumbis, que vão para uma Las Vegas infestada de zumbis para conseguir dinheiro", lembrou Snyder sobre o que disse aos executivos da Netflix.
"Então, a reação deles não foi tipo, 'Oh Deus, não vamos fazer esse filme. Ninguém quer ver isso!'", relata.
Mas, apesar de seu humor agudo, o filme, uma espécie de homenagem a ficções científicas como "Fuga de Nova York" e "Aliens, o Resgate", além de filmes de roubo como "Onze Homens e um Segredo", tem um valor emocional para Snyder.
É seu primeiro filme desde que teve de deixar a direção da aventura de super-heróis da DC Comics "Liga da Justiça", em 2017, devido ao suicídio de sua filha.
Snyder, de 55 anos, teve a ideia de um filme de "assalto com zumbis" anos antes, mas o reescreveu para se concentrar no relacionamento entre o pai durão Scott (Dave Bautista) e sua filha distante Kate (Ella Purnell).
"Como ser humano, evoluí desde que fiz 'Madrugada dos Mortos'", conta ele em uma entrevista coletiva virtual.
"E só porque tenho o relacionamento que tenho com meus filhos e por ser pai (...) Essa parte do filme realmente se tornou muito mais importante para mim do que era 15 anos atrás", acrescentou.
"O personagem de Dave está tentando se reconectar com sua filha", acrescentou. "Sim, é um filme de roubo com zumbis, mas, no fim das contas, é realmente um filme de personagens em muitos sentidos".
"Piores que os zumbis"
Claro, outras mudanças profundas afetaram o mundo desde que Snyder começou a filmar "Army of the Dead", em 2019, dando ao filme um ar assustador de previsão do futuro.
A pandemia da covid-19 apagou as luzes brilhantes dos cassinos de Las Vegas e de Hollywood, e o ex-presidente Donald Trump foi despejado do cargo pelos eleitores americanos.
No filme, os refugiados de Las Vegas estão confinados em jaulas e são submetidos a verificações aleatórias de temperatura por guardas brutais, enquanto canais de notícias tendenciosos perguntam: "Quarentena: verdade ou medo?".
Enquanto isso, a decisão de lançar uma bomba nuclear em Las Vegas em 4 de julho é ideia de um presidente anônimo dos Estados Unidos que acha que a ideia de fogos de artifício no Dia da Independência seria "muito legal" e "patriótica".
"Houve muitas coisas malucas que deram novo valor ao filme, de uma forma ou de outra", disse Snyder.
"Queríamos nos concentrar em como uma praga de zumbis afetaria os marginalizados e como o governo poderia usar algo como uma praga de zumbis para tirar certas liberdades", acrescentou.
"As interpretações são completamente diferentes agora do que quando começamos. Mas o truque para filmes de zumbis continua o mesmo: no final, os humanos são piores do que zumbis", completou.
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