Vida no Oriente Médio é destaque no Festival de Veneza
As crises e a vida no Oriente Médio são o destaque de hoje no 77º Festival de Veneza, com a apresentação de dois filmes "políticos" que concorrem ao Leão de Ouro na mostra.
Um deles é o documentário "Notturno", do cineasta italiano Gianfranco Rosi, o mesmo de "Fuocoammare", que retrata a vida na ilha de Lampedusa, porta de entrada para migrantes e refugiados na Itália, e faturou o Urso de Ouro em Berlim em 2016.
Desta vez, Rosi usa o cinema para apresentar o dia a dia nas incertas fronteiras entre Síria, Iraque, Líbano e Curdistão, em meio às intermináveis crises em uma das regiões mais turbulentas do planeta e à influência do Estado Islâmico (EI).
O documentário exigiu seis meses de pesquisa, três anos de filmagens e mais seis meses de montagem e também deve chegar aos festivais de Toronto, Nova York, Telluride, Londres, Busan e Tóquio.
"O filme nasce de uma necessidade: depois de Fuocoammare, ir ao outro lado do mar [Mediterrâneo], aproximando-me de um mundo complexo e desconhecido para mim. Queria documentar onde acaba a breaking news dos telejornais e dar tempo às histórias", disse Rosi à ANSA.
As oito histórias retratadas pelo cineasta compõem um mosaico do Oriente Médio e nascem de uma relação de confiança com as pessoas que o autorizaram a documentar sua existência. "Ainda não saí dessa experiência, esses encontros mudaram minha vida", acrescentou.
Segundo Rosi, ele esteve a "um passo" de ter sido sequestrado, mas seguiu adiante com o projeto. "Foi uma experiência de impacto físico e emocional fortíssimo, passar três anos em lugares desconhecidos, sem conhecer os idiomas, ficar meses em lugares perigosos, feridos, mas agradeço a meus produtores, que me consolavam a distância e me davam coragem", declarou.
Conflito árabe-israelense - A vida no Oriente Médio também é tema do filme "Laila in Haifa", do cineasta israelense Amos Gitai, que se apresenta em Veneza pela sétima vez.
O longa mostra um exemplo de possibilidade de convivência entre israelenses e palestinos, tema que acompanha toda a produção de Gitai. A filmagem foi feita inteiramente em uma discoteca-galeria vizinha à ferrovia de sua cidade natal, Haifa, e aberta a homossexuais, travestis e pessoas que querem apenas se divertir ou estão em busca de sexo casual.
"Laila" é um nome feminino que, em árabe, significa "noite", indicando que toda a ação transcorre em uma única madrugada na qual se consumam relações, pessoas se dividem por ódio racial e se fala de tudo: da arte à política, das dinâmicas do amor aos destinos do mundo.
"Nasci em Haifa e vejo nela muitas qualidades. Não é dramática como Jerusalém, que está ligada às religiões, não é cool como Tel Aviv, é uma cidade da moderação. Em suma, pode-se olhar a Haifa como um modelo", disse Gitai em Veneza.
"A pergunta que 'Laila in Haifa' apresenta é: a arte pode verdadeiramente criar um espaço onde as pessoas possam exprimir suas diferentes identidades, tentando um caminho para uma convivência pacífica? Eu não acredito que a arte pode mudar a realidade, mas nos faz refletir", acrescentou.
O Festival de Veneza acontece até 12 de setembro, quando será anunciado o vencedor do Leão de Ouro.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.