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Morre um dos últimos falantes de língua indígena em risco de extinção

14/05/2021 22h09

Villahermosa (México), 14 mai (EFE).- Manuel Segovia Jiménez, um dos últimos falantes da língua indígena ayapaneco, morreu nesta quinta-feira aos 87 anos no município de Jalpa de Méndez, no estado de Tabasco, no sudeste do México.

Manuel, que morreu de uma doença crónica, era fundador de uma oficina com crianças e adolescentes para evitar a extinção de seu idioma materno, uma língua indígena da família mixe-zoque.

Seu filho, Manuel Segovia Velázquez, explicou que apenas outras duas pessoas idosas que falam esta língua ainda estão vivas.

Segundo dados do Ministério Federal da Cultura do México, o último censo realizado em 2010 indicava que 21 pessoas falavam ayapaneco em Tabasco.

"Ele e eu fomos os fundadores dos workshops da língua zoque-ayapaneco, nós somos os iniciadores deste projeto. Há cerca de 15 anos que liderávamos estes projetos, para que a língua não se perdesse", comentou seu filho.

Nesse sentido, criticou o Instituto Nacional de Línguas Indígenas (Inali) por ter fingido "interesse em posar para a fotografia", mas não em recuperar a língua da sua comunidade.

"Não há mais nada a fazer! As pessoas mais sábias se foram, as que ficaram já não são as mesmas, não têm todo o conhecimento que é necessário", lamentou.

Em meados do século XX ainda existiam quase 8.000 famílias ayapanecas, mas, após a construção da estrada que liga a capital do estado, Villahermosa, ao município de Comacalco, a migração dessas pessoas começou e, com ela, a extinção gradual da sua língua.

No entanto, a riqueza do ayapaneco será preservada graças ao fato de dois linguistas americanos da Universidade de Stanford terem gravado Manuel Segovia durante dois anos, pronunciando as milhares de palavras que conhecia em um microfone.

Com 68 línguas indígenas e mais de 7,4 milhões de falantes, o México é um dos 10 países com mais línguas nativas do mundo, mas 31 estão em alto risco de desaparecer, enquanto 37 estão ameaçadas.

As mais faladas são nahuatl (1,7 milhão), maia (775.000), tseltal (589.000), tsotsil (550.000), mixteco (527.000) e zapoteco (491.000), de acordo com o Instituto Nacional de Estatística e Geografia (Inegi).