Prêmios Rei da Espanha 2022 distinguem jornalismo "vivo e transparente"
Os vencedores, de um total de 240 candidatos de 17 países, vêm de Brasil, Colômbia (dois deles), México, Venezuela e Espanha.
Os prêmios, concedidos anualmente desde 1983 pela Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (Aecid) e pela Agência Efe, reconhecem o trabalho de profissionais de jornalismo de língua espanhola e portuguesa da Comunidade Ibero-Americana de Nações e dos países com os quais a Espanha mantém laços históricos e relações culturais e de cooperação.
O júri, reunido de forma híbrida - presencial e virtual -, valorizou em sua decisão a busca pela transparência informativa e o papel do jornalismo na prestação de contas diante dos boatos cotidianos.
Os seis prêmios - Jornalismo Narrativo, Fotografia, Cooperação Internacional e Ação Humanitária, Ambiental, Cultural e de Meio de Comunicação Ibero-americano - também têm em comum o uso de novos formatos, dados estatísticos ou infográficos para endossar informações que, em muitos casos, são difíceis de contrastar.
O presidente do júri, Antón Leis, diretor da Aecid, ressaltou a importância dos prêmios e a vocação de, por meio deles, "alcançar uma sociedade mais justa, algo necessário como se reflete hoje com a guerra entre Rússia e Ucrânia em que a primeira vítima está sendo a informação verdadeira".
Por sua vez, a presidente da Agência Efe, Gabriela Cañas, vice-presidente do júri, destacou a "excelente" qualidade dos trabalhos vencedores, que "cobrem eventos noticiosos que mudaram o destino de algum país, em mais um exemplo de que o jornalismo é história viva".
"Os vencedores, com seus trabalhos, são os porta-vozes dos problemas dos mais desfavorecidos e a radiografia da complexa diversidade da Ibero-América", completou Cañas.
ASSASSINATO, RESISTÊNCIA E CONTRIBUIÇÃO CULTURAL.
O júri escolheu, por maioria, como o melhor trabalho na categoria de Jornalismo Narrativo "O assassinato do presidente do Haiti", publicado pela "Noticias Caracol", da Colômbia, com informações exclusivas sobre o assassinato de Jovenel Moise em 2021, considerando-o "jornalismo na veia", com o componente de "exclusividade" que todos profissionais da informação perseguem.
A Colômbia também foi premiada em Fotografia graças à imagem "Resistir", do fotógrafo César Luis Melgarejo Aponte, publicada no jornal "El Tiempo" e registrada durante a paralisação nacional no país, na madrugada de 1º de maio de 2021.
O júri também reconheceu as dificuldades de acesso aos dados utilizados na obra "A promessa quebrada: o colapso da previdência social na Venezuela", elaborada por uma equipe de 20 profissionais chefiada por Salvador Benasayag e publicada no portal "Prodavinci" em 23 de fevereiro de 2021 , que recebeu o Prêmio de Cooperação Internacional e Ação Humanitária.
Já o Prêmio Internacional Rei da Espanha de Jornalismo Ambiental foi para a reportagem "Engolindo Fumaça", sobre os efeitos dos incêndios florestais na saúde da população amazônica e publicada no portal brasileiro "InfoAmazonia".
A pesquisa, apoiada em mapas e gráficos, foi realizada por uma equipe multidisciplinar de jornalistas, geógrafos e estatísticos em conjunto com especialistas de um laboratório vinculado a duas universidades brasileiras.
Por sua vez, a reportagem "Filha do Algodão: Um perfil de Cristina Rivera Garza", publicada por Sergio Rodríguez Blanco na revista mexicana "Gatopardo" em 23 de março de 2021, recebeu o Prêmio de Jornalismo Cultural, "por sua capacidade de refletir a contribuição dos hispânicos para a criação da cultura dos Estados Unidos".
A busca pela transparência, veracidade dos dados e prestação de contas são "a razão de ser do jornalismo" e também da "Civio", destacou o júri ao anunciar o prêmio de Meio de Comunicação Ibero-Americano para esta fundação espanhola sem fins lucrativos.
Os Prêmios Internacionais de Jornalismo Rei da Espanha têm um valor econômico de 10.000 euros, o mesmo do Pulitzer, o que os consolida como os mais prestigiados no âmbito ibero-americano.
Os vencedores também recebem uma escultura do artista Joaquín Vaquero Turcios.
Os prêmios foram entregues desde a sua criação pelos agora reis eméritos, Juan Carlos I e Sofía, e depois por Felipe VI e a rainha Letizia.
Entre os vencedores das edições anteriores estão escritores como Mario Vargas Llosa, Prêmio Nobel de Literatura, e o espanhol Arturo Pérez Reverte. EFE
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