Instituto Cervantes tem expectativa por retorno da Lei do Espanhol no Brasil
Rio de Janeiro, 20 jun (EFE).- O diretor do Instituto Cervantes, Luis García Montero, afirmou nesta segunda-feira que o Brasil deveria analisar a possibilidade de reintroduzir a chamada Lei do Espanhol, que obrigava as escolas do país a oferecer o ensino desse idioma.
"Comemoraríamos enormemente se a política brasileira voltasse a repensar a utilidade da Lei do Espanhol", disse em entrevista à Agência Efe o poeta e ensaísta espanhol, que está à frente do Instituto Cervantes desde 2018.
García Montero, que começou nesta segunda-feira sua segunda visita ao Brasil em menos de seis meses, disse que tanto o Instituto Cervantes quanto a embaixada da Espanha em Brasília estão muito interessados na volta da lei.
Ela foi introduzida em 2005 pelo governo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva e revogada em 2017 por Michel Temer no âmbito de uma reforma educacional que só preservou o inglês como obrigatório no currículo escolar e deixou as outras línguas estrangeiras como opcionais.
Desde então, a obrigação das escolas de oferecer o ensino do espanhol foi deixada a critério dos governos estaduais, sendo que cinco (Paraná, Amazonas, Rio Grande do Sul, Rondônia e Paraíba) já a adotam.
Outros estados estão discutindo leis semelhantes, incluindo São Paulo e Rio de Janeiro, enquanto um movimento tem ganhado força para pressionar para que a lei seja reimplementada em nível nacional, uma questão que García Montero discutiu em uma reunião em fevereiro com parlamentares em Brasília.
"Infelizmente foi uma lei cortada antes que pudesse dar todos os seus frutos. Foi uma lei muito útil e objetiva. O Brasil é um ponto de referência fundamental na América Latina e, nesse sentido, é lógico que se ofereça aos alunos brasileiros a possibilidade de estudar o idioma falado do México ao sul do continente e em quase todos os países vizinhos", disse.
García Montero acrescentou que, nos últimos anos, e coincidindo com a revogação da lei, o número de brasileiros interessados em estudar no Instituto Cervantes e em certificar seus conhecimentos de espanhol nos exames oferecidos pelo Instituto tem aumentado significativamente.
O ensaísta espanhol reconheceu que uma das razões para a revogação da lei era a falta de professores de espanhol no Brasil, pois estimava-se que seriam necessários cerca de 200 mil para todas as escolas de ensino médio, mas afirmou que o Cervantes está disposto a colaborar com a formação de profissionais.
Ele lembrou que, antes da revogação da lei, algumas unidades do Cervantes no Brasil já estavam analisando projetos de formação de professores de espanhol, mas que no final não saíam do papel.
"A necessidade de formar professores é muito clara, especialmente se a lei for reimplementada. E nós estamos dispostos a colaborar", declarou.
García Moteiro ressaltou que esta necessidade não é exclusiva do Brasil, porque até mesmo o British Council recentemente aconselhou estudantes ingleses a estudar espanhol como segunda língua, algo que se espalhou para outros países europeus.
"Muito do nosso trabalho agora em países como a Alemanha é formar ex-professores de outras línguas estrangeiras como professores de espanhol. Podemos fornecer professores a redes de escolas dos países em que trabalhamos", afirmou.
García Montero disse que o Brasil, por sua importância na América Latina e seus laços culturais e históricos, é uma das prioridades do Cervantes e o país com o maior número de unidades do Instituto no mundo, com um total de oito em diferentes cidades.
Ele acrescentou que sua nova viagem ao Brasil prevê a assinatura de acordos de cooperação para que as unidades do Cervantes também fiquem a serviço das instituições culturais brasileiras.
De acordo com o ensaísta, o Brasil é um país importante nos projetos em que Cervantes trabalha junto com o Instituto Camões, de Portugal, para divulgar tanto o espanhol quanto o português no mundo inteiro.
"Queremos formar uma comunidade ibero-americana na qual os projetos possam se multiplicar. Somos uma comunidade com 850 milhões de falantes nativos (de espanhol e português) e estamos trabalhando para garantir que nossos idiomas também sejam importantes nos negócios e na ciência e tecnologia", afirmou. EFE
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