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Abertura do Festival de Veneza tem homenagem a Deneuve e discurso de Zelensky

31/08/2022 21h54

Veneza (Itália), 31 ago (EFE).- Em uma peculiar cerimônia de abertura, os holofotes da 79ª edição do Festival de Cinema de Veneza se dividiram igualmente entre Catherine Deneuve, que recebeu o Leão de Ouro por sua carreira, e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que convocou o mundo do cinema a não deixar seu país ser esquecido.

Se no tapete vermelho todas as atenções recaíram sobre Hillary Clinton, a festa de abertura do festival deveria homenagear uma das grandes divas do cinema, mas o discurso em vídeo de Zelensky recebeu boa parte da atenção da sala.

A cerimônia começou como esperado, com uma recordação da história de um festival que completa 90 anos e com a entrega do Leão de Ouro a uma Deneuve emocionada.

Vestida de vermelho, a atriz se mostrou feliz e disse estar muito orgulhosa de um prêmio que lhe foi concedido por um festival com o qual mantém uma longa relação desde que apresentou "Belle de Jour" de Luis Buñuel.

Desde então, voltou muitas vezes. Entre tantas participações, lembrou com carinho a edição de 1998, na qual ganhou a Copa Volpi de melhor atriz por "Place Vendome".

Sua carreira tem sido cheia de conquistas, mas como resumiu em seu breve discurso: "É um sucesso ainda estar aqui".

O Leão de Ouro foi entregue à atriz pelo presidente da Bienal de Veneza, Roberto Cicutto, e apresentado pelo diretor Arnaud Desplechin, que dirigiu Deneuve em "Um Conto de Natal" (2008).

"Não conheço outra mulher que ame o cinema tanto quanto ela", declarou Desplechin, que elogiou a carreira e as conquistas da atriz, descrevendo-a como orgulhosa e livre, no nível de Bob Dylan.

A entrega do Leão de Ouro não durou muito e quando parecia que o filme de abertura, "White Noise", seria exibido, o presidente da Ucrânia apareceu na tela do Palazzo del Cinema.

Zelensky lembrou que seu país está em guerra há 189 dias, uma história que está fora de competição, no limite da humanidade e do senso comum, que "é um drama baseado em eventos da vida real, interpretado na vida real".

"Uma tragédia sem a grande música de Morricone", acrescentou, lembrando que o drama do seu povo "corre o risco de se tornar algo habitual, que nos resignamos e esquecemos".

Por essa razão, Zelensky pediu à comunidade cinematográfica "para não ficar em silêncio" e destacou que, enquanto para a Rússia, "o poder está nas armas", para a Ucrânia "está na filosofia, na razão e nas palavras". EFE