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Virada cultural do Centro tem revista policial e tensão com celulares em SP

28.mai.2022 - Movimentação do Vale do Anhangabaú durante a Virada Cultural, realizada na cidade de São Paulo. - ROBERTO SUNGI/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
28.mai.2022 - Movimentação do Vale do Anhangabaú durante a Virada Cultural, realizada na cidade de São Paulo. Imagem: ROBERTO SUNGI/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Julio Maria

Em São Paulo

28/05/2022 23h33Atualizada em 29/05/2022 06h37

As diferenças desta Virada Cultural de 2022 com relação às outras edições são muito evidentes na região central de São Paulo. Se antes ela tomava um raio que circundava o Centro desde a Estação da Luz até a Praça da República, agora se reduziu a apenas um palco de fato, exatamente sob o Viaduto do Chá, no Vale do Anhangabaú.

Há outros espaços nas redondezas, como um pequeno elevado para DJs na Praça das Artes, no Boulevard São João, e um segundo espaço no próprio Vale, para atrações mais circenses. No mais, a Virada espalhou-se por outros pontos de bairros periféricos. Segundo a organização, serão realizados ao todo, até às 18h deste domingo, 29, 300 atrações para um público rotativa aguardado de 2 milhões de pessoas.

Por volta das 17h30, as pessoas se reuniam aos poucos e sem maiores aglomerações em frente ao palco do Viaduto do Chá para esperarem o show de abertura, reservado ao cantor Vitor Kley. Vendedores ofereciam pochetes para celular, segundo eles, antifurto, por R$ 25, e muitas pessoas caminhavam segurando bolsas em frente ao corpo. Havia uma certa tensão, com gente se entreolhando e usando pouco o celular. Antes, por volta das 17h, já havia relatos de tentativas de furto de aparelhos na baixa do Anhangabaú.

Uma medida inédita foi a revista em todas as vias de acesso ao Vale. Um sargento da GCM, que preferiu não se identificar, falou reservadamente com a reportagem do Estadão. Ele disse que a revista era para evitar que as pessoas entrassem armadas e com garrafas de vidro. Por causa das barreiras, vendedores ambulantes também não conseguiam acessar as proximidades do palco.

Ainda segundo o sargento, ladrões de celular estavam infiltrados entre a plateia e poderiam agir a qualquer momento. Ele pediu ao repórter que avisasse às pessoas para só usarem seus aparelhos perto das viaturas policiais. "Na última Virada, apreendemos um rapaz com 23 aparelhos diferentes, todos roubados." A GCM tinha no local 50 homens, que trabalhavam em conjunto com a Polícia Militar.

Outro receio das pessoas, de que a região do Anhangabaú se tornaria uma "cracolândia" estendida depois das ações do governo do estado tirarem os dependentes químicos da região da Luz, não se confirmou. Eles não eram vistos, ao menos na área dos shows.

A apresentadora da noite, a poeta e MC Mel Duarte, subiu ao palco por volta das 18h15 deste sábado, 28, para anunciar Vitor Kley. Ela usou a linguagem inclusiva, dizendo "boa noite a todes" e "será que vocês estão preparades?". Disse que a prefeitura abria com a Virada o calendário cultural da pós-pandemia e pediu para as pessoas usarem máscaras nos ônibus. Ali mesmo, ninguém usava.

Vitor Kley surgiu às 18h20 pronto para fazer o que havia prometido, um show de sucessos. Ele tem mais de 2,8 milhões de ouvintes apenas no Spotify e provou que não se trata apenas de uma bolha. O Anhangabaú não estava cheio a esta hora, mas uma extensa faixa da plateia próxima ao palco sabia de cor todas as canções cantando muitas vezes de mãos para o alto. Vitor mostrou Menina Linda, Morena, Anjo ou Mulher, Ainda Bem Que Chegou e outras. Os shows seguintes seriam os de Kevinho e da baiana Margareth Menezes. Planet Hemp era esperado para fazer a última apresentação, às 17h30 de domingo.