Modesta e criativa, TV Escola dá aula de como fazer TV pública no Brasil
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Uma TV pública acaba de completar duas décadas, sem alarde. A única coisa que mudou na efémeride foi seu logotipo, que ganhou um modestinho adendo:
“TV Escola - 20 Anos”.
A TV Escola é emissora pública destinada à educação e ao conhecimento. Pode ser sintonizada pelas 35 milhões de antenas parabólicas e está incluída nos pacotes mais básicos das operadoras de TV por assinatura.
Há dois anos o canal passou a ser comandado pelo Ministério da Educação, que supervisiona o trabalho de órgãos e gestoras de conteúdo como a Acerp (Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto), uma organização social. Antes disso, a Acerp respondia à estatal EBC.
Nestes tempos de discussão sobre objetivo e custos da televisão pública no Brasil, essa emissora educacional chama a atenção por dois motivos: 1) a impressionante qualidade e variedade de sua programação; 2) o fato de viver praticamente sem autodivulgação.
Sobre a programação é preciso dizer: é o melhor canal público brasileiro. Tem uma grade incrivelmente simples e criativa. Nem mesmo o Futura, do Grupo Globo, se aproxima da qualidade e variedade da emissora do Ministério da Educação.
A TV Escola não reinventou a roda, apenas tem bom gosto: seriados, desenhos, séries educacionais, exibe documentários nacionais e internacionais, programas de entrevistas, talk show com convidados, e tudo é digno dos telespectadores.
Vale dizer: não se trata de uma TV só para alunos e professores. É feita para qualquer cidadão inteligente e ou interessado em conhecimento.
Os programas têm nível de excelência, tanto os próprios como os adquiridos do exterior (a preço de banana, acrescente-se).
No caso da produção nacional, em vez de programas petrificados, são exibidas séries adaptáveis a temas, como a “Sua Escola, Nossa Escola”, “Mestres da Literatura”, o “Território do Brincar” e, mais recentemente, a nova temporada de “A Hora do Enem”, que está dividindo os episódios em temas destinados a ajudar os alunos no exame: redação, matemática, história, ciência...
O “Sala do Professor”, apesar do nome, é cativante para qualquer público: a atração é sempre precedida por um ótimo documentário ou especial e sucedida por uma articulada discussão entre professores convidados.
Há a série histórica “500 anos”, a animação nacional “O Que São as Coisas” (uma das coisas mais fofas já produzidas no país) e o divertidíssimo e imperdível “Sem Noção”, que aborda como a língua portuguesa “costura” o cotidiano dos brasileiros.
Sem falar no doce “Punky”, desenho que conta a saga de uma menina se sete anos com síndrome de Down. Não dá para uma TV ser mais educativa, inclusiva e fofa.
A TV Escola também nada de braçada no que há de melhor na produção internacional educativa.
Tem das pílulas diárias do veterano “ABC da Astronomia” aos programas do genial David Attenborough (BBC Earth); do educativo “A Língua Inglesa no Mundo” a curtas metragens fantásticos, como “Do Big Bang Bang até um Dia Qualquer”.
Sem falar na série com o hilário professor Bigode: “Matemática em Toda Parte”.
A assessoria da emissora informou que o orçamento da TV Escola previsto para 2016 é de R$ 20 milhões, e que a emissora conta com 115 funcionários. Infelizmente, por falta de verba, a emissora não paga a Kantar Ibope, portanto não se sabe sua audiência no país.
Mas, de longe, é uma emissora muito mais barata que a federal TV Brasil ou mesmo a estadual TV Cultura.
Ao menos em termos de conteúdo, a TV Escola é uma aula. Para todas as emissoras do país. Sejam públicas ou privadas.
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