Após 23ª cirurgia, João Carlos Martins fará novo concerto só com 4 dedos
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O maestro João Carlos Martins, 73 anos, se recupera bem após complexa cirurgia na qual se submeteu esta semana no hospital Sírio Libanês, para tentar recuperar movimentos da mão e do braço esquerdos.
Foi a 23ª intervenção cirúrgica que Martins sofreu nos últimos 50 anos. Todas tiveram como objetivo auxiliar movimentos nas mãos do músico e pianista, afetadas por graves acidentes, síndromes e ainda uma agressão sofrida na cabeça nos anos 90, durante um assalto, na Bulgária.
Mesmo ainda em recuperação, o maestro já confirmou sua próxima apresentação: dia 2 de fevereiro ao lado de outro lendário pianista brasileiro, Arthur Moreira Lima, no Citibank Hall, em São Paulo.
"Eu vou tocar (com Moreira Lima) nem que seja usando só o dedão", disse bem-humorado o maestro à coluna nesta sexta-feira.
Na verdade, no caso dele, a recuperação, por mais bem-sucedida que seja, é ínfima: para o concerto dia 2 ele conseguirá usar no máximo quatro dedos: o polegar da mão direita, e mais polegar, indicador e anular da mão esquerda.
A mão direita do maestro já é "caso perdido" há décadas. Todos os dedos se deformaram.
Tudo começou após um acidente (queda) em meados dos anos 60. As coisas foram piorando. Hoje, ele ainda consegue "manobrar" o braço direito de forma a usar ao menos o polegar durante alguma música simples ao piano.
Já os dedos da mão esquerda também estavam quase fechados até antes da operação desta semana, devido a uma grave síndrome. A intervenção permitiu que ao menos três deles voltassem a se mover.
"Uma coisa pelo menos a cirurgia já resolveu: eliminou 70% da dor que eu sentia antes dela", declarou.
Apesar de já há anos não ter mais condições de executar concertos, João Carlos Martins nunca quis se separar de seu instrumento.
Porém, foi justamente a frustração devido a seus problemas como pianista que o levou a estudar regência.
Hoje, à frente da Orquestra Bachiana-Sesi, já se apresentou para cerca de 14 milhões de pessoas.
Seja ainda com os dedos tortos sobre as teclas, ou segurando a batuta com auxílio de velcros, como ele sempre repete: “No fim das contas a música venceu”.
@feltrinoficial
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