ABTA: "Assinante de TV paga não vai pagar mais por sinal de TVs abertas"
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Pela primeira vez a ABTA (Associação Brasileira de TVs por Assinatura) se manifesta sobre a exigência da joint-venture Simba, formada por SBT, Record e RedeTV!, que quer cobrar das operadoras uma remuneração pela cessão dos sinais dessas emissoras.
A Simba chegou a ameaçar cortar o sinal de suas três TVs no próximo dia 29, quando termina a transmissão do sinal analógico em São Paulo. Porém, na semana passada a empresa recuou, conforme esta coluna informou com exclusividade.
No entanto, o corte não está descartado em médio prazo. Em entrevista ao colunista Maurício Stycer, na semana passada, o vice-presidente da RedeTV!, Marcelo de Carvalho, diz que as operadoras poderiam absorver o custo de remunerar a Simba sem repassar aos assinantes.
Nesta entrevista exclusiva ao UOL, Oscar Simões, presidente da ABTA, é enfático ao prever que, se a Simba insistir na cobrança, provavelmente essas três TVs deixarão o menu das operadoras. (a decisão de cortar o sinal é delas e não das operadoras)
“Acreditamos que, em um cenário de recessão e desemprego elevado, não é possível propor qualquer aumento de preço nos pacotes de TV por assinatura. Os consumidores não podem arcar com um aumento de mensalidade e tampouco as operadoras podem absorver este custo, porque isso reduziria ainda mais a sua capacidade de investimentos”, diz Simões.
“Se estas emissoras cortarem seus sinais da TV por assinatura, o consumidor que desejar acompanhar esta programação terá que instalar uma antena para captar os sinais digitais de TV aberta, que poderão ser acessados gratuitamente.”
Leia abaixo trecho da entrevista com Oscar Simões, que também fala sobre os serviços de streaming.
Como o sr. vê o momento atual das operadoras no Brasil com relação à TV por assinatura? Qual o futuro do setor no curto prazo?
Oscar Simões - Assim como os demais setores da economia, a TV por assinatura também sente os efeitos da crise no país. Entretanto, vale notar que estes efeitos ainda são menos graves no segmento de TV paga do que em outros. Enquanto o PIB caiu 3,6% em 2016, a base de assinantes apresentou um leve recuo de 1,6%.
Isso em um contexto em que ainda houve aumento de 50% do ICMS da TV por assinatura em 15 Estados, no ano passado, o que provocou aumento de preços de pacotes nestes locais, pressionando ainda mais o poder de consumo das classes de baixa renda.
O país registra perda de assinantes nos últimos 2 anos, e os motivos são inadimplência e cancelamento de pacotes. Há como reverter isso?
Oscar Simões - Pesquisa realizada em 2016 pela Plano CDE, instituto especializado em estudos antropológicos junto às classes média e de baixa renda, aponta que assistir TV é a principal forma de lazer para 78% desta população, sendo que 74% citam especificamente a TV por assinatura como uma das formas preferidas de entretenimento.
Assistir a programas em canais pagos também é um dos momentos de reunião da família, segundo 72% dos entrevistados, ficando atrás apenas das refeições no lar (79%). Os pesquisadores perguntaram de que maneira a TV paga influencia na vida dessas pessoas.
E as respostas também apontam a importância deste meio: para 79%, este veículo oferece opções culturais para sua família; para 52%, os canais pagos ajudam na educação; 47% afirmam ter adquirido hábitos mais saudáveis acompanhando programas da TV paga, enquanto 64% dizem ter aprendido a elaborar novas opções alimentares.
Por estes e outros fatores, acreditamos que a base da TV por assinatura voltará a crescer assim que houver a retomada do crescimento econômico do país.
Uma pesquisa recente mostrou que 1 em cada 10 assinantes da Netflix acaba cancelando a TV paga. Há como reverter isso?
Oscar Simões - Não conhecemos a base de assinantes desta plataforma, o que torna difícil algum comentário.
Por que até hoje nenhuma operadora ofereceu ao assinante a possibilidade de assinar apenas os canais que deseja?
Oscar Simões - No mundo inteiro, o modelo de negócios de TV por assinatura envolve a compra de pacotes, dos básicos aos premium.
Toda a dinâmica de contratos entre programadoras e operadoras é baseada neste modelo. No Brasil, já existem, desde o início dos anos 2000, os chamados pacotes minibásicos, que agora também começam a ser adotados em outros países.
Houve uma experiência na Coreia do Sul, há mais de dez anos, de venda de canais individuais, o que foi um fracasso, porque não foi possível remunerar o conteúdo. Os canais individuais custariam muito mais aos assinantes.
É consenso entre muitos assinantes que as operadoras nos fazem "engolir" canais indesejáveis... isso não e um tiro no pé do ponto de vista empresarial? De que adianta oferecer 110 canais em um pacote se boa parte são religiosos, canais mambembes ou segmentados demais... ?
Oscar Simões - Seria uma presunção acreditar que não há público interessado em canais segmentados. Assim como um assinante de um jornal tem mais interesse em determinada editoria, mas paga pelo conteúdo completo, a TV por assinatura também conta com públicos para diversos canais. Existe uma tendência de que alguns canais segmentados sejam oferecidos no modelo on demand - no médio a longo prazo.
Twitter e Facebook - @feltrinoficial
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